Estudo inédito traça perfil de pessoas com necessidades especiais no DF

Nos detalhes – Estudo do GDF divulgado hoje, que traz pela primeira vez “um Raio-X” sobre a situação de pessoas com deficiência na região, foi elaborado para subsidiar futuras políticas públicas destinadas à inclusão desse grupo ainda carente de diversos aspectos necessários a sua completa participação social.

“Queremos conscientizar a comunidade sobre um problema que afeta uma parcela muito grande e importante da população”, explicou a coordenadora da pesquisa, Jamila Zgiet, representante da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), instituição responsável pela análise.

O documento Perfil das pessoas com deficiências no Distrito Federal utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que demonstram que, dos 2,5 milhões moradores do DF, mais de 570 mil, 22,23% da população, tem alguma deficiência, sendo que a predominante é a visual (63,71%).

Com a informação, a pesquisa sugere mudanças para qualificar o atendimento a esse público, tornando os ambientes acessíveis por meio de piso tátil, comunicação sonora e outras estratégias de acesso afirma a pesquisa.

“A construção de elevadores que facilitam o acesso de cadeirantes, escrita em Braille e sinalização no chão para deficientes visuais, utilização de Libras em serviços públicos são algumas das ações eficientes que ajudam na inclusão”, explicou a Jamila Zgiet.

Outro ponto destacado no estudo é que a maior parte das deficiências é resultado de acidentes, doenças ou violência, e não necessariamente de algum problema que a pessoa herdou ou que tenha nascido com tal limitação.

Para a Codeplan, isso significa que deve haver um esforço para a elaboração de políticas públicas não só na área de Saúde, mas também de Transporte e de Segurança Pública.

“Esse dado nos mostra que as deficiências são provocadas por acidentes ou por episódios de violência, o que nos coloca diante da necessidade de pensar políticas que garantam a segurança da sociedade em todos os sentidos”, salientou a coordenadora.

Emprego e renda

O mercado de trabalho também foi analisado e a conclusão do estudo é que a remuneração para essa população é “bastante desfavorável” e uma das razões pode ser a qualificação profissional.

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2010, 51,52% dessa população apresenta média salarial mensal de meio a dois salários mínimos (R$ 1,3 mil), e quase inexistem trabalhadores que ganham menos da metade desse piso no Distrito Federal.

“Temos que permitir a inclusão dessas pessoas, que têm a mesma capacidade daquelas que não têm deficiência. Eles podem chegar a níveis mais altos nos seus empregos, basta criar oportunidade”, disse a representante da Codeplan.

Educação

Nas escolas, a frequência da população com deficiência é pouco diferente em relação à população sem deficiência, sendo, inclusive, 4% maior nas faixas etárias de 0 a 4 anos, quando comparado às crianças sem limitações.

“Nossa preocupação é o significado desse número, pois pode ser que as crianças com deficiência estejam acessando a escola com prioridade ou que os pais estejam com dificuldades de lidar com os problemas dos filhos, e, por isso, matriculam as crianças nas creches”, argumentou a coordenadora.

No evento de divulgação da pesquisa haverá dois tradutores em Libras e a exposição de obras de arte da artista plástica Cristina Portella. Essas obras podem ser tocadas pelos visitantes, o que permite a apreciação por pessoas com deficiência visual.