Parafuso a menos – Governador do mais importante e rico estado brasileiro, Geraldo Alckmin (PSDB) deveria estar vivendo um momento de irresponsabilidade quando aceitou a ideia de o Estado pagar um bônus em dinheiro para o policial que reduzir a criminalidade. Isso significa que a segurança pública tornou-se um lupanar, onde paga-se para ter os serviços de suas nada santas frequentadoras.
Essa estratégia, que vem exigindo do governador tucano explicações, mostra que o governo tem uma política de segurança pública equivocada, não sem antes ser o secretário da pasta um poeta no combate à criminalidade.
Exigisse a onda de violência em São Paulo tempo integral em termos de serviço de inteligência, o tal bônus, que variará de R$ 4 mil a R$ 10 mil e se será pago por semestre, seria justificável. Ao contrário, a criminalidade nos domínios paulistas exige ação dura da polícia e tolerância zero, pois a prática criminosa é de bandoleiros ousados, que seriam facilmente inibidos se o Estado agisse com o rigor e cumprisse o que determina a legislação vigente.
A insegurança chegou a tal ponto em São Paulo, que viver na maior cidade brasileira tem exigido do cidadão uma inconteste capacidade para a eliminação e o desprendimento. Ao longo da escalada do crime, as autoridades foram fazendo recomendações à população como forma de inibir a ação dos bandidos. Entre as estão: não dirigir com o vidro do carro aberto, não deixar a bolsa à mostra no carro ou dependurada na cadeira de um restaurante, sair de bicicleta somente em locais seguros, não usar roupas e acessórios de marca, não carregar na carteira cartão de crédito ou débito e, agora, evitar falar ao celular enquanto caminha. Ou seja, a telefonia móvel foi transformada em fixa pela incompetência do Estado.
Ciente de que a segurança pública pode estragar o seu plano de reeleição, Geraldo Alckmin abusa da utopia na tentativa de reverter um jogo que há muito está perdido. Alckmin deveria pelo menos respeitar o cidadão comum, que paga os impostos para ter a devida contrapartida do Estado, não para ouvir bobagens vociferadas por um governante.