No seu lugar – Foi no mínimo vergonhosa a postura dos senadores do governo e da base aliada que tentaram, na noite de terça-feira (28), convencer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a votar duas Medidas Provisórias (601 e 605) que perdem a validade no próximo dia 3 de junho.
Cumprindo o que prometera durante a votação da MP dos Portos, de que nenhuma medida provisória seria colocada na pauta de votação antes de um prazo mínimo de sete dias para que o Senado analisasse a matéria, Renan impôs uma sonora derrota ao governo, que foi obrigado a experimentar um pouco do próprio veneno.
Muitos foram os argumentos apresentados no plenário do Senado na tentativa de salvar pelo menos a MP que trata da redução das tarifas de energia elétrica, um dos pilares do discurso de reeleição de Dilma Rousseff, mas os palacianos foram obrigados a dormir com a cabeça quente.
Esse resultado já era esperado, pois o Palácio do Planalto há muito erra a mão na negociação política com o Congresso Nacional. Além de escolher líderes autoritários e sem capacidade de negociação no parlamento, o governo da presidente Dilma se faz representar muito mal com as ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann. Responsável pela Secretaria de Relações Institucionais, Ideli é inábil para uma função que exige talento e flexibilidade. Já Gleisi, chefe da Casa Civil, é demasiadamente inexperiente para tão difícil missão, mas desempenha bem o papel de cumpridora de ordens.
Fato é que Dilma terá não apenas de reeditar ambas as Medias Provisórias, caso queira manter o discurso, mas repensar a forma como o governo vem se relacionando com os parlamentares. Colocar o rolo compressor para circular nos corredores do Congresso Nacional já não é suficiente. O mais incrível é que jamais o Executivo federal teve tão larga maioria no Congresso.