Muitas mãos – Nas coxias do poder está sendo articulado um negócio milionário que contraria a legislação vigente, mas que pode sair a qualquer momento por causa da influência de um intermediador da operação, que no final das contas pode ser o maior interessado. Confirmada a negociação, o Brasil estará diante do maior escárnio legal dos últimos tempos.
O negócio começou a ser esculpido em Uberaba, durante a última edição da ExpoZebu. Na mansão do rico e conhecido pecuarista Jonas Barcellos (ex-Duty Free), que tem o hábito de recepcionar políticos de grosso calibre em sua luxuosa propriedade, as partes interessadas no negócio começaram a tratar do assunto com as bênçãos de figuras que gozam de grande influência no governo federal. O anfitrião não tinha conhecimento da negociata, mas o assunto é falado à boca pequena em mesas de bares badalados da cidade de São Paulo.
Contrariando as leis em vigor, o negócio é simples e pode salvar um empresário paulista que está cada vez mais encalacrado por um passivo tributário impagável. Num dos vértices da negociação está uma empresa que detém possivelmente a mais conhecida marca no segmento de produtos de limpeza, mas que naufraga no endividamento fiscal e em operações financeiras nada ortodoxas. Na outra ponta está um dos grandes frigoríficos brasileiros, que além de comercializar carne se especializou em sangrar os cofres do BNDES, sempre com a anuência do Palácio do Planalto.
A mágica do negócio é simples. O tal frigorífico, que tem na contabilidade volumosos créditos tributários, quer abocanhar a empresa de produtos de limpeza sem colocar a mão no bolso. No exterior será pago um gordo quinhão ao dono da empresa que será comprada. Falastrão conhecido, o tal empresário começou a propagandear a eventual transação nas altas rodas da Pauliceia Desvairada como se fosse um troféu. O negócio pode ir pelos ares a qualquer momento por um só motivo. O vendedor e o intermediador são gazeteiros contumazes e conhecidos frequentadores de botecos.