Estante de derrotas – Enquanto a presidente Dilma Rousseff ilude a opinião pública ao afirmar que nenhum ministro deixará o governo, a situação de Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, é absolutamente insustentável. Ideli, que tem sido atropelada pelo companheiro Aloizio Mercadante, o irrevogável, já quis deixar o governo, mas palacianos convenceram a petista a aguardar mais um pouco, pois do contrário ficaria se cargo.
Sem manter uma interlocução de qualidade com o Congresso Nacional, Ideli viu o governo amargar novo revés no parlamento, desta vez na Câmara dos Deputados, que na quarta-feira (10) analisou, ponto por ponto, o texto que destina os royalties do petróleo à educação e à saúde e que foi modificado pelo Senado no início de julho.
Como alertou o ucho.info com antecedência, a grande questão nessa matéria está na forma como o assunto foi anunciado à população. O do deputado e líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), prevê a aplicação de 50% da totalidade do Fundo Social do petróleo para a saúde e a educação, mas os parlamentares tentaram evitar a apreciação do texto. Com 217 votos contrários e 165 favoráveis, porém, o requerimento saiu derrotado.
O principal impasse na votação de quarta-feira estava na destinação do Fundo Social. O governo trabalhou para que fosse mantido o entendimento dos senadores, que decidiram que fossem investidos nas áreas sociais apenas os rendimentos de 50% do fundo. Por outro lado, André Figueiredo, que contou na votação com o apoio de siglas da oposição, defende a aplicação de 50% do total do fundo.
Por causa do impasse que por pouco não avançou pela madrugada desta quinta-feira (12), os deputados decidiram deixar a discussão da matéria para a próxima semana. Até lá, o Palácio do Planalto terá de trabalhar muito para que Dilma não acumule nova derrota, pois a sociedade foi induzida a erro por ocasião do anúncio dos investimentos dos recursos do pré-sal na educação. Até porque, uma coisa é investir 50% dos royalties, outra é investir 50% dos rendimentos dos royalties.