Assunto requentado – Na manhã desta segunda-feira (15), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e o Ministério Público Estadual realizaram operação para desarticular um grupo de policiais civis acusado de envolvimento com o tráfico de drogas. Entre os crimes cometidos, roubo, corrupção e extorsão mediante sequestro. Até o final da manhã, sete policiais, entre eles dois delegados, haviam sido presos. A operação aconteceu na capital paulista e na cidade de Campinas.
Um dos delegados detidos é o supervisor da unidade de investigações do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Clemente Castilhone Junior, acusado de vazar informações que poderiam prejudicar as investigações. Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizaram, durante quase quatro horas, buscas dentro da sede do Denarc, um dos mais importantes departamentos da Polícia Civil de São Paulo.
Ao deixar o local, o promotor Amauri Silveira Filho disse novas etapas da operação serão deflagradas em ambas as cidades. O número de mandados de prisão deve chegar a trinta e os detidos foram encaminhados à Corregedoria da Polícia Civil.
O envolvimento de policiais com o tráfico de drogas – por corrupção ou comércio de entorpecentes – não é novidade. No estado mais rico e importante da federação, a participação de policiais nesse tipo de crime é conhecida há muito pela cúpula da Segurança Pública, que muitas vezes fecha os olhos para não enxergar a realidade.
No momento da apreensão da droga, alguns maus policiais fazem acerto com os traficantes ou informam às autoridades um valor menor do produto apreendido. A diferença volta a ser comercializada pelos próprios policiais, algumas vezes vendidas para outros traficantes.
Há aproximadamente uma década, o ucho.info levantou dados sobre a atuação do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos e acabou descobrindo uma sequência de crimes cometidos por policiais destacados, alguns dos quais ostentando padrão de vida que não coaduna com os respectivos salários. Em um dos casos, o policial usava parte do dinheiro do crime para custear benesses a membros da cúpula da Segurança Pública, que recebiam os mimos sem saber a origem dos mesmos.
Nessa epopeia que ocorre há décadas nas entranhas policiais só não enxerga a verdade quem não quer. O mais interessante nessa operação é que, ao contrário do que ocorre com presos comuns, os policiais não foram apresentados à imprensa.
É importante lembrar que na Polícia Civil de São Paulo, assim como em qualquer setor da sociedade, há os que caminham na contramão da lei, mas a corporação abriga pessoas honestas e donas de currículos absolutamente impecáveis.