Sirene acionada – No final de 2008, quando o messiânico Luiz Inácio da Silva apelou aos brasileiros para que mantivessem o consumo em níveis elevados como forma de minimizar os efeitos da crise internacional, a que o petista chamou de “marolinha”, o ucho.info alertou para os inúmeros perigos existentes no pedido presidencial. Entre eles, o elevado risco de o País enfrentar a disparada da inadimplência, embalada pelo endividamento recorde das famílias brasileiras que foram repentinamente arremessadas ao consumismo.
À época, os palacianos afirmaram que torcíamos contra o Brasil, mas esses mesmos agora críticos se escondem diante da alta da inadimplência. De acordo com dados divulgados pela Serasa Experian nesta quarta-feira (17), a inadimplência do consumidor encerrou o primeiro semestre de 2013 com alta de 5,6%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar da alta, a variação é a menor desde 2011, quando o índice cresceu 21,6%. A inadimplência no mês de junho registrou recuo de 4% em relação a maio e de 3% na comparação com junho do ano passado.
Se para os analistas o cenário não assusta, a preocupação cresce porque a inflação está em alta e corroendo os salários dos trabalhadores. A procura por crédito cresceu nos últimos meses, o que pode ser considerado como prenúncio de tempos ainda mais difíceis.
De acordo com o levantamento da Serasa, as dívidas com cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços foram as principais responsáveis pelo crescimento nos primeiros seis meses do ano, com variação de 12,6%. O valor médio das dívidas, nesses casos, ficou em R$ 318, o que representa redução de 10,9% na comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 357).
A inadimplência com bancos cresceu 1,3%. O valor médio a ser pago pelos devedores é R$ 1.365 – alta de 5,4% em relação ao valor registrado no primeiro semestre de 2012 (R$ 1.294). Considerando que dois terços da população economicamente ativa recebem mensalmente menos de dois salários mínimos, não é errado concluir que essa parcela de inadimplentes já comprometeu o décimo terceiro e mais um pouco.
Diante de números tão preocupantes, resta questionar as respeitadas universidades ao redor do planeta que, de maneira equivocada na opinião do ucho.info, concederam inúmeros títulos de “doutor honoris causa” a alguém que reinventou a classe média para não assumir a responsabilidade pela corrosão econômica da sociedade brasileira.