Massa de manobra – Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, é um chefe de Estado e como tal necessita de segurança em seus deslocamentos e viagens, mas o religioso argentino já deu mostras de sua aversão aos exageros que sempre emolduraram a pompa obsoleta do Vaticano.
No Brasil, onde participará da Jornada Mundial da Juventude, o chefe da Igreja Católica contará com esquema de segurança com 22 mil homens de forças militares e policiais. O custo da operação está estimado em R$ 70 milhões, valor que corresponde a pouco mais de 103 mil salários mínimos e que o Estado brasileiro não tem condições de gastar nesse momento de crise econômica.
Adepto da proximidade com a população, o que explica seu comportamento enquanto bispo em Buenos Aires, o papa está sendo usado como desculpa para um aparato de segurança que servirá muito mais aos governantes brasileiros do que a ele próprio. Há por parte das autoridades verde-louras uma preocupação crescente em relação a possíveis protestos durante a Jornada, os quais estão sendo diariamente convocados pelas redes sociais.
O enfrentamento entre policiais militares fluminenses e manifestantes que protestavam próximo à casa do governador Sérgio Cabral Filho, no Leblon, na Zona Sul carioca, retrata a preocupação dos políticos. Vistas de lideres religiosos, como o papa, sempre são alvo da carona de alguns políticos que insistem em posar de santos para uma população que há muito deixou de ser incauta.
Por conta do medo que domina a cúpula dos governos federal e fluminense, encontros do papa com autoridades brasileiras estão sendo desmarcados. A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, ainda não confirmou presença no Rio de Janeiro, mas um eventual encontro com o papa Francisco acontecerá em local reservado e longe das roucas vozes das ruas. O mesmo deve acontecer com os políticos nacionais que insistirem em receber a bênção papal.