Nó cego – O palavrório do governo sobre corte de gastos, medida que auxiliaria no controle da inflação, é conversa fiada. O ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, cancelou sua participação no encontro do G-20 para tratar do assunto, mas sabe-se que tudo não passa de mais um espetáculo pirotécnico do Palácio do Planalto para iludir a opinião pública. Na realidade, o governo de Dilma Vana Rousseff está empenhado cada vez mais na contabilidade criativa, o que tem permitido que as metas fiscais sejam cumpridas, mesmo que na esteira da farsa.
Um governo de coalizão – como insistem em dizer os petistas – com doze partidos políticos não pode falar em corte de gastos. De olho na reeleição, que se torna inviável a cada dia, Dilma será refém da base aliada até a eleição de 2014, caso queira manter seu plano político. Para isso, a presidente terá de atender às cobranças espúrias das legendas desse governo de coalizão, adotando uma política fiscal expansionista.
Esse cenário caminha na contramão do que defende o Banco Central, que com o agravamento da crise econômica retomou sua independência, antes atropelada pela diplomacia de borracheiro da presidente Dilma. O BC, como autoridade monetária nacional, tem a incumbência de agir para controlar a inflação e tentar levar o mais temido fantasma da economia para o centro da meta fixado pelo governo, que é de 4,5%.
Para que isso seja viável, mesmo que em sonhos dourados, de nada adiantará subir a taxa básica de juro (Selic) para neutralizar o impacto da alta do dólar na inflação. O Banco Central terá de cobrar do governo uma política fiscal baseada na contenção de despesas, medida que compromete sobremaneira o projeto totalitarista de poder do PT. Isso leva a concluir que o corte de gastos deve se transformar em falta de investimentos.
A situação tende a se agravar, até porque a obediência da base aliada só existe mediante contrapartidas imediatas por parte do governo. Esse negócio de vender para receber depois não existe no governo. Caso não faça a sua parte, Dilma deve começar a arrumar as malas e contratar o caminhão de mudança, porque a folia de ser presidente entra em seu capítulo derradeiro.