Temperatura alta – Os brasileiros que se preparem, pois na próxima quarta-feira (21), quando o Supremo Tribunal Federal começará a julgar os recursos dos tubarões do Mensalão do PT, os ânimos por certo se acirrarão na mais alta Corte da Justiça.
Nesta quinta-feira (15), o julgamento dos embargos de declaração caminhava pacificamente, até que o ministro Ricardo Lewandowski resolveu criar questão ao analisar recurso apresentado pelo réu Bispo Rodrigues. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que é o relator da Ação Penal 470, pediu ao colega que não perdesse tempo, pois a condenação do Bispo Rodrigues de se deu por unanimidade.
Foi nesse exato momento que o clima esquentou no plenário do Supremo, uma vez que Lewandowski decidiu considerar uma lei mais branda, válida em 2006, na tentativa de beneficiar o réu condenado. Barbosa acusou o colega de fazer chicana jurídica na análise do tal embargo de declaração. Lewandowski, por sua vez, exigiu retratação imediata, mas Joaquim Barbosa marcou território e disse não se retrataria e que o ofendido ficasse à vontade para interpretar sua declaração.
Intimamente ligado ao Partido dos Trabalhadores e em especial ao ex-presidente Lula, o ministro Ricardo Lewandowski caiu em desgraça junto à opinião pública, em 2012, quando tentou poupar da condenação alguns dos acusados de participação no Mensalão do PT, como, por exemplo, o petista José Dirceu. Para completar, na última semana surgiu a informação de que Lewandowski, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, fechou os olhos ao analisar as contas da campanha de Dilma Vana Rousseff, em 2010.
No bate-boca, Ricardo Lewandowski deixou claro que está disposto a complicar como puder a conclusão do julgamento, uma vez que no auge da discussão com Joaquim Barbosa ele questionou: “nos temos pressa do quê?”.
De fato o ministro Joaquim Barbosa, ao falar em chicana jurídica, não considerou o aparente bom convívio necessário à existência da Corte, mas a questão é que Ricardo Lewandowski usa da formalidade do cargo para irritar o presidente do STF, que foi implacável ao fixar as penas dos mensaleiros.