Fio desencapado – Ao mesmo em que aposta na alta da taxa básica de juro, Selic, que na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve passar para 9% ao ano, o mercado financeiro reajustou para cima a previsão de inflação para 2013. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central e que traz a média das projeções de economistas e analistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País, a inflação deve encerrar o ano em 5,80%, contra 5,74% da previsão anterior.
A mediana das previsões mostra que o governo de Dilma Rousseff continua padecendo no calvário da falta de confiança. Não há como acreditar em um governo que não se entende com a política econômica e mostra-se cada vez mais intervencionista.
A situação da inflação oficial só não é pior porque o governo conta com alguns fatores artificiais, como o preço dos combustíveis, da energia elétrica e do transporte público, subsidiados com o dinheiro do contribuinte e que não conta no cálculo do mais temido fantasma da economia. Não fosse essa ingerência do governo nos preços, a inflação já teria ultrapassado com folga o teto da meta, que é de 6,5%, com o qual os palacianos acabaram se acostumando.
Longe dos números oficiais, que sempre refletem uma realidade distorcida, a inflação real, enfrentada pelos brasileiros no cotidiano, já ultrapassou a casa dos 20%. Basta analisar a evolução dos preços dos principais produtos e serviços. Com a expectativa de uma inflação fora de controle, empresários e prestadores de serviços majoraram os preços como forma de se proteger do futuro.
Não é preciso nenhuma operação aritmética descomunal para descobrir a realidade dos fatos. O dólar continua sendo a moeda forte e de referência da economia, o que permite avaliar o quanto a inflação subiu. Por mais estridente que seja o discurso palaciano contra os Estados Unidos, a divisa norte-americana ainda é referência para cálculos econômico-financeiros. Outra forma infalível de avaliar a inflação é mensurar o poder de compra dos salários, que com o passar do tempo têm sido corroídos.
O governo vem anunciando milagres econômicos no curto prazo, mas não se deve esperar nada concreto e confiável antes de 2015. Até lá, o governo será obrigado a camuflar a verdade, dando continuidade ao que faz desde 2003, caso queira manter o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, que conseguiu ser mais incompetente que o antecessor. Ou seja, Lula não mentiu quando apresentou Dilma como a garantia de continuidade.