Fechando o cerco – Complica-se cada vez mais a situação de Eduardo Gaievski, acusado de estupro de vulnerável e cuja prisão foi decretada na última semana. Na noite de segunda-feira (26), membros da Polícia Civil do Paraná estiveram no quarto andar do Palácio do Planalto em busca do pedófilo que já é considerado foragido pela Justiça. O delegado da cidade paranaense de Realeza, onde Gaievski foi prefeito e os crimes ocorreram, foi recebido por Leones Dall’Agnol, chefe de gabinete da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que levou o violador de menores a Brasília. Além de coordenar as ligações de Gleisi com prefeitos de cidades paranaenses, o assessor coordenava assuntos ligados a menores, como políticas de combate ao crack e a construção de creches.
Os advogados de Gaievski entraram com pedido de relaxamento da prisão e impetraram um pedido de habeas corpus preventivo. A tendência é que tais solicitações sejam negadas pela Justiça. Gaievski é investigado há três anos pelo Ministério Público do Paraná, que reuniu provas (interceptações telefônicas e testemunhos) de estupro contra 23 menores (entre 13 e 16 anos), algumas delas apanhadas na escola e levadas pelo então prefeito ao motel.
Para dificultar a situação de Eduardo Gaievski novos depoimentos comprometem ex- assessor da chefe da Casa Civil. Especialistas avaliam que apenas 10% dos casos de estupro são denunciados. Se a estatística estiver correta, Gaievski pode estar envolvido em até 200 casos de abusos.
O “Jornal de Beltrão”, da cidade de Francisco Beltrão, publica na edição desta terça-feira (27) o depoimento de duas mulheres que foram assediadas por Gaievski:
Jornalista conta que teria sido assediada
Uma jornalista de Realeza postou um desabafo na sua conta do Facebook sobre o assédio que teria sofrido do ex-prefeito Eduardo Gaievski. Ela conta que tudo começou em 2009, quando ainda era acadêmica de jornalismo em Curitiba. Na época, preparava uma matéria para um blog da capital sobre soluções inteligentes para o transporte de Realeza quando procurou o prefeito para uma entrevista.
Confira a seguir o relato feito ao “Jornal de Beltrão”: “No gabinete, ele me convidou para ir a Brasília. Disse que eu iria como assessora especial dele. Quando cheguei em casa, ele usou um perfil falso do Orkut para me enviar mensagens sobre a viagem e sempre acompanhadas de frases suspeitas, do tipo: ‘não esqueço seu sorriso’, ‘já estou com saudades’. Me mandou um e-mail dizendo que tava apaixonado. Eu detonei com ele, lógico, e uma conhecida da minha família pegou os textos e foi até a prefeitura pedir o que estava acontecendo. Ele fez um teatro, um escândalo, falou que ia chamar a polícia pra investigar, mas até hoje não chamou. Alegou que era coisa da oposição, que era armação. Depois que ele descobriu que meus pais estavam contando pra todo mundo em Realeza, passou a me ameaçar. Ligava na minha casa e dizia que eu era uma pseudojornalista.”
Mãe diz que filha foi embora da cidade por causa das perseguições
A mãe de outra jornalista de Realeza conta que a filha sofreu todos os tipos de perseguição. “Eu sofri muito junto com ela. O prefeito chegava ir nas empresas onde ela trabalhava para pedir que a demitissem. Por fim, ela não queria mais arrumar trabalho por aqui e foi embora”.
A estagiária de um Centro Municipal de Educação Infantil afirmou que depois que se recusou a sair com o ex-prefeito, ele passou a pressioná-la, ameaçando com possível demissão. Conforme relatou a vítima, algumas conversas estão arquivadas para comprovar.
“Depois que me neguei a sair, ele começou a ligar falando que os papéis para me dar a conta estavam nas mãos dele, que eu podia arrumar outro emprego, que não estava capacitada. Me ligava à noite pedindo para encontrar com ele. Até ia fazer um BO [Boletim de Ocorrência], mas não quis me envolver porque eu precisava do trabalho e ia ser só mais uma que se queixava dele, não adiantava, ninguém fazia nada, porque ele era o prefeito, então fiquei na minha”.
O episódio teria se passado pouco antes do prefeito deixar o cargo no final do ano passado. O “Jornal de Beltrão” tentou contato com o ex-prefeito e seu advogado de defesa, mas nenhum deles atendeu às chamadas telefônicas.