Realidade distinta – Na manhã desta quarta-feira (28), a presidente Dilma Rousseff afirmou que a alta do dólar nada tem a ver com a economia brasileira, mas tal declaração é uma tentativa da petista de fugir da realidade. É temerário creditar a valorização da moeda norte-americana à economia dos Estados Unidos, quando é sabido que problemas internos têm interferido no mercado de câmbio.
Um detalhe da declaração da presidente pode ser considerado temerário. Dilma afirmou que o Brasil tem munição de sobra para enfrentar a valorização do dólar, mas contar com as reservas internacionais (aproximadamente US$ 350 bilhões) é colocar o País na rota da irresponsabilidade, pois o fluxo do mercado global de câmbio se dá principalmente com capital privado, não governamental. É preciso monitorar o mercado, enfrentando-o com outras ferramentas, que não as reservas do País.
No encerramento dos negócios no mercado financeiro, o dólar registrou queda de 0,86%, cotado a R$ 2,3480. Esse recuo na cotação da moeda ianque também decorre da realização de lucros por parte de investidores, após o dólar abrir a sessão de negócios em alta, uma vez que o mercado foi tomado por preocupações com a possível intervenção militar de aliados na Síria.
No Brasil a queda foi mais acentuada porque o Banco Central cumpriu a promessa de vender diariamente, de segunda a quinta-feira, US$ 500 milhões no mercado à vista, além de US$ 1 bilhão às sextas-feiras.
O mercado de câmbio deve retomar as oscilações à medida que crescem as possibilidades de um ataque militar à Síria, decisão tomada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha em depois que o presidente Bashar al-Assad usou armas químicas contra os rebeldes.
Por conta desse possível ataque, que deve durar pelo menos 72 horas, os investidores preferem a segurança do dólar e do ouro, por exemplo. A tensão na região pode provocar uma quebra na produção de petróleo, elevando o preço do produto no mercado internacional.
Dependendo dos desdobramentos do ataque, a situação econômica global pode sofrer consequências, uma vez que na Síria há diversas bases militares russas. E um confronto entre os EUA e a Rússia certamente terá consequências desastrosas.