Liquidação de bancos: o ainda ministro Guido Mantega terá de explicar esquema no BC

Fim da farra – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) anunciou que cobrará do ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicações sobre a existência de um esquema envolvendo o alto escalão do Banco Central para beneficiar empresas em processos de liquidação de bancos. De acordo com reportagem da revista Época, a direção do BC tinha conhecimento de que diretores da instituição estariam agindo por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGV) para contratar consultorias, das quais tinham participação acionária, com a desculpa de recuperar as instituições financeiras.

Mesmo com denúncia formalizada por um interventor, o Banco Central fechou os olhos e deixou de agir. O caso envolve os bancos Morada e Cruzeiro do Sul e as empresas M7 Cobranças Ltda., Interbank Soluções Tecnologia e Serviços e a IMS Tecnologia e Serviços. Dois ex-diretores do banco, Celso Antunes e José Lattaro, acusados de comandar o esquema, foram demitidos após denúncia da Época em agosto. No entanto, a reportagem desta semana revela que 17 meses antes o BC já tinha conhecimento do caso.

Requerimento e omissão

Para esclarecer a situação e cobrar do Ministério da Fazenda explicações sobre motivo de o Banco Central não ter agido logo após ser alertado sobre as falcatruas, o líder do PPS protocola nesta segunda-feira (16) requerimento de informação ao ministro Mantega. Segundo o parlamentar, o caso atinge a credibilidade do banco e deixa os investidores estrangeiros em alerta.

“O Banco Central é um dos pilares de nossa economia e não podem pairar dúvidas sobre a sua lisura. Já estamos convivendo com maquiagens de dados de nossa economia, com malabarismos contábeis e agora denúncias graves de favorecimento atingem o Banco Central. Isso causa perda de credibilidade e afugenta ainda mais os investidores estrangeiros. Espero que o ministro e o presidente do banco, Alexandre Tombini, possam esclarecer porque não houve uma ação imediata após a denúncia”, afirmou o deputado Rubens Bueno.

Muito além

O escândalo no BC em relação à liquidação de instituições financeiras pode ser ainda maior, caso as autoridades de fato investiguem as trapalhadas propositais cometidas por interventores, liquidas e seus prepostos. Há caso em que bancos foram liquidados sem necessidade, assim como bancos que nada devem aos correntistas depositantes e ao Banco Central, mas os servidores do órgão insistem na liquidação das instituições financeiras.

Por trás dessas atitudes persistentes há uma teia de interesses de pessoas de comportamento dúbio, que se juntam para derreter o patrimônio do banco sob intervenção e se apropriar de boa parte da sobra. O ucho.info está acompanhando de perto dois casos, que em qualquer país minimamente sério já estaria sob investigação da política. São quadrilhas organizadas que atuam deliberadamente, sendo que o Banco Central tem conhecimento de tudo o que se passa. Só não toma providências porque o esquema é bilionário e envolve muita gente.