Luiz Gushiken foi inocentado no caso do Mensalão do PT, mas certamente ele sabia do esquema palaciano

Verdade seja dita – O velório de Luiz Gushiken, no último sábado (14), serviu para o staff petista incensar o ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência e responsável pela estratégia do governo do agora lobista e fugitivo Luiz Inácio da Silva.

Acusado de envolvimento no Mensalão do PT, durante depoimento de Henrique Pizzolato à CPI dos Correios, Gushiken foi inocentado por falta de provas. Em suma, o ex-ministro, por decisão da Procuradoria-Geral da República declarou-o inocente e como tal tornou-se por sentença proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que ainda julga a Ação Penal 470.

A essa altura não há como contestar a inocência de Luiz Gushiken, mas é preciso lembrar que os que acompanharam de perto a CPI dos Correios sabem como foram levantadas as provas e a forma como algumas foram inseridas no relatório final. Muito do maior escândalo de corrupção da história nacional deixou de ser investigado, uma vez que aprofundar nas pesquisas representaria alcançar o então presidente Lula. Tanto é assim, que o Pizzolato foi abandonado à própria sorte pelo PT.

Como sempre afirmamos, a política não é para inocentes, por isso não se pode afirmar com plena certeza que determinado fato não ocorreu, sem antes ter em mãos as provas que garantam a inocência de alguém. Contudo, na condição de estrategista do governo do PT, Gushiken errou ao silenciar diante do esquema operado a partir do Palácio do Planalto. É inimaginável que um dos integrantes do chamado núcleo duro do governo Lula desconhecesse o projeto criminoso de cooptação de parlamentares no Congresso Nacional.

Ademais, Gushiken foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e pessoa muito próxima de Lula. Ou seja, conhecia a fundo o modus operandi de Lula, que não tornou-se unanimidade no Congresso apenas por suas ações pirotécnicas, mas pelas mesadas que pagava por meio do esquema palaciano.

Há de se lamentar, no caso de Luiz Gushiken, apenas a luta insana contra o câncer, episódio em que ele participou como samurai. De resto é querer plantar flores em terreno não fértil, pois no núcleo duro de um governo sabe-se absolutamente tudo o que se passa no palco e nas coxias. E quem desconhece qualquer assunto é porque foi dragado pela incompetência, que não era o caso de Gushiken.