(*) Ucho Haddad –
Quando escrevi e levei ao ar a primeira edição do site, jamais imaginei que pudesse chegar tão longe. À época buscava uma forma de salvar o Brasil de um dos seus maiores tumores, a política e sua existência corrupta. A ideia era fazer isso durante algum tempo e, na sequência, seguir a viagem da vida ao redor do planeta, buscando sempre ajudar o Brasil e os brasileiros através da notícia verdadeira e balizada, do jornalismo opinativo responsável e com raízes na linha do tempo.
Confesso que ao longo desses doze anos dediquei-me, junto com parceiros e colaboradores, de maneira devota ao ucho.info, que há muito confunde-se com o ar que respiro. É um pecado para nós pensar em não pensar o Brasil, porque livrar o País de suas tantas mazelas tornou-se mais do que uma obrigação.
O avanço na seara da tecnologia da informação acirrou a concorrência, até porque trabalhar com a notícia tornou-se um direito de todos. Tudo na vida virou notícia, que está na palma das mãos e na ponta dos dedos, mas foi com um jornalismo sério e coerente, sem tergiversações ou missas encomendadas, que conquistamos o respeito dos leitores e seguidores, os quais nos honram diariamente. Desde um simples clique a um comentário mais longo e caliente.
A democracia não existe sem um jornalismo independente. Disso temos certeza. E é por esse motivo que, apesar das muitas dificuldades que enfrentamos, continuamos como se sempre fosse o primeiro dia. É verdade que a experiência tem seu caráter positivo, mas nosso desejo de mudança é o mesmo da estreia. Quiçá não seja ainda mais vigoroso, pois afinal a ousadia dos políticos avança na mesma proporção que cresce a nossa indignação.
Aliás, um dos nossos lemas, a nossa reza de todo instante, é uma frase do genial e saudoso Darcy Ribeiro, que certa feita disparou: “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”.
Aqui, no ucho.info, a resignação não tem espaço, porque a nação tem pressa para chegar na seara da dignidade. Por aqui não se conjuga o verbo resignar, nem mesmo em sonho. O máximo que fizemos até hoje foi recuar para redobrar a força e seguir adiante.
Nessas três mil edições conquistamos coisas boas e outras nem tanto, mas soubemos tirar proveito das dificuldades. Muitas foram as críticas e os golpes rasteiros, porque não afirmar que foram incursões criminosas, mas valeu à pena cada palavra escrita, cada reflexão, cada ponto, cada vírgula. Na outra linha, travessão. Quem nos criticou ficou parado na estrada da vida, porque soubemos fazer dos erros uma plataforma de acertos, dos ataques, um motivo maior para seguir adiante.
Quando pensamos na edição de número 3.000, levada ao ar nesta quarta-feira, 18 de setembro, percebemos que por um lado fizemos bastante, mas ainda há muito a fazer por um Brasil que cada vez mais torna-se refém da política e seus conchavos. Mas nosso olhar vai além das coisas enfadonhas que a política proporciona, porque o horizonte de quem lê também não tem fronteiras. Por isso decidimos enveredar por outros temas, outras pautas. E assim continuaremos, sempre alimentando o objetivo de oferecer o melhor para cada um, garantindo a cidadania por meio do bom jornalismo.
Parar não está nos nossos planos, mas o ser humano é finito e falível. Alguém há de continuar esse trabalho que comecei com convicção e patriotismo, mas que com o passar do tempo se transformou em uma das muitas trincheiras da democracia brasileira. Continuar é preciso, mas isso só será possível com a colaboração de todos, de cada um, porque o inimigo é poderoso e traiçoeiro, além de ser desprovido de escrúpulos. E enfrentar esse tipo de luta não é tão simples quanto parece.
Muito obrigado a todos que proporcionaram essas 3 mil edições, muito obrigado a cada um que permitiu que escrevêssemos e fossemos lidos todos os dias. Esse é o prêmio maior e diário que conquistamos. Muito obrigado!
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.