Leilão de Libra: número reduzido de participantes revela valorização da denúncia de espionagem

Ficou aquém – No momento em que o leilão da BR-262 fracassou, o Palácio do Planalto acionou a usina de desculpas. Ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega disse que o fiasco era decorrente de questões políticas. Só faltou dizer que era culpa da oposição, como sempre acontece quando algo de errado acontece com os gênios do governo petista de Dilma Rousseff.

No leilão do Campo de Libra, localizado na Bacia de Campos, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Magda Chambriard, esperava a participação de pelo menos quarenta interessados, mas apenas onze empresas decidiram disputar o direito de explorar petróleo e gás na camada pré-sal, ao custo inicial de R$ 15 bilhões, além de um retorno em produto ao governo brasileiro, pois o contrato é de partilha.

Atualmente, no Brasil existem aproximadamente 70 empresas petrolíferas em atividade, sendo metade de origem estrangeira. O pequeno número de participantes no leilão de Libra se deve não às incertezas sobre a existência do produto nas profundezas oceânicas, mas, sim, em relação às dificuldades da extração e ao grau de ingerência do governo brasileiro no negócio. Considerando que o Palácio do Planalto se aproxima cada vez da onda bolivariana que vem varrendo algumas democracias na América do Sul, nenhum investidor está disposto a correr riscos por conta de um governo pouco confiável.

De fora do leilão do Campo de Libra ficaram quatro gigantes do setor petrolífero internacional: as norte-americanas ExxonMobil e Chevron e as britânicas British Petroleum (BP) e British Gas (BG). Isso mostra que a denúncia de que a Petrobras teve os computadores invadidos pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês), a mando da Casa Branca, pode ser improcedente.

Tão logo a notícia começou a circular na imprensa brasileira, o governo aproveitou para lançar a tese de que os americanos poderiam ter obtido dados sigilosos a respeito do leilão de Libra. Em outras palavras, os palacianos fizeram um barulho enorme com um reco-reco que até agora não teve sua autenticidade comprovada. Como disse certa vez um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.

Confira abaixo as empresas habilitadas para participar do leilão do Campo de Libra e que pagaram taxa de R$ 2 milhões cada:

– CNOOC International Limited (China)
– China National Petroleum Corporation (CNPC) (China)
– Ecopetrol (Colômbia)
– Mitsui & CO (Japão)
– ONGC Videsh (Índia)
– Petrogal (Portugal)
– Petrobras (Brasil)
– Petronas (Malásia)
– Repsol/Sinopec (Hispano-Chinesa)
– Shell (Anglo-Holandesa)
– Total (França)