Discussão sobre reforma eleitoral e voto facultativo transforma o Brasil no país do faz de conta

Curto-circuito – Tivesse, por obra de um milagre qualquer, saído da ficção e ingressado no universo da realidade, o personagem Odorico Paraguaçu, que ganhou vida na esteira do talento do espetacular Paulo Gracindo, seria considerado o maior gênio da política nacional, apesar de todas as suas sandices como prefeito da imaginária Sucupira.

Como sempre afirmamos, a nação vem sendo conduzida com o mesmo talento que um cidadão administra o botequim da esquina mais próxima. Sem coerência e planejamento, bastando apenas colocar sobre o balcão um pires com tremoços e algumas garrafas de aguardente, pois irresponsáveis sobram nessa barafunda chamada Brasil.

Na noite de terça-feira (1), a Câmara dos Deputados adiou a votação da minirreforma eleitoral por falta de acordo entre as lideranças e, principalmente, por falta de quorum. Afinal, quem trabalha apenas dois dias e meio por semana tem direito ao merecido descanso. Confirmando o que já noticiamos, a minirreforma eleitoral é um golpe macro, que permitirá às grandes máquinas políticas, em especial as que estão no poder, instalar no País um regime de exceção, que já deu os primeiros sinais de sua existência.

O maior absurdo da tal reforma eleitoral está na parte do texto que permite às concessionárias de serviços públicos fazerem doações de campanha por meio de seus sócios, diretores, controladores e interpostos. Considerando que o governo federal pretende promover nos próximos meses leilões que devem alcançar a incrível marca de R$ 500 bilhões, não é difícil imaginar o tamanho do estrago que surgirá caso a matéria seja aprovada.

Enquanto deputados brigam por causa das filigranas da reforma eleitoral, no Senado a Comissão de Constituição e Justiça levou à discussão, na sessão desta quarta-feira (2), uma Proposta de Emenda Constitucional, de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que transforma o voto de obrigatório em facultativo. Ou seja, aprovada a matéria, votar deixa de ser uma obrigação e passa a ser um direito.

Uma das justificativas para a minirreforma eleitoral é que a matéria proporcionará o barateamento das campanhas políticas, uma vez que proíbe o uso de placas pelos candidatos. Ora, se o voto está a um passo de tornar-se facultativo, por si só a campanha ficará mais barata. Principalmente porque as esmolas sociais distribuídas pelo governo federal continuarão mantendo os currais eleitorais do PT.

Uma das justificativas para a minirreforma eleitoral é que a matéria proporcionará o barateamento das campanhas políticas, uma vez que proíbe o uso de cavaletes e placas, além de fixar o número de cabos eleitorais. Ora, se o voto está a um passo de tornar-se facultativo, por si só a campanha ficará mais barata. Principalmente porque as esmolas sociais distribuídas pelo governo federal continuarão mantendo os currais eleitorais do PT.