Tudo combinado – Sob o comando dos petistas, o Brasil tornou-se um país de dois pesos e duas medidas, no melhor estilo “aos amigos tudo, aos inimigos a força da lei”. Essa dualidade interpretativa sobre o que é legal ficou evidente durante o julgamento do Mensalão do PT, o maior escândalo de corrupção da história nacional que se tem notícia. Visível e parcialmente partidarizado, o Supremo Tribunal Federal rachou na reta final do julgamento da Ação Penal 470 e uma dúzia de mensaleiros terá direito a novo julgamento, o que pode culminar com a prescrição de alguns crimes.
Como esse estado de exceção já se tornou regra, o desgoverno do PT não sentiu-se desconfortável ao dar sinal verde à fusão da Portugal Telecom com a Oi, operadora de telefonia celular que tem patrocinado dores de cabeça aos usuários. Essa postura amistosa aconteceu depois que o governo de Dilma Vana Rousseff fez ressalvas à operação internacional que deu à espanhola Telefónica uma fatia da italiana TIM. Ambas as empresas atuam no Brasil na área de telefonia celular.
A condescendência do PT com a operação da Portugal Telecom e da Oi tem pelo menos duas explicações. A Portugal Telecom é uma das empresas citadas no inquérito e no processo do Mensalão, acusada de ter dado dinheiro ao PT. De acordo com Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador financeiro do Mensalão do PT, a Portugal Telecom deu ao partido R$ 7 milhões, valor que foi negociado diretamente com Lula e o então presidente da empresa portuguesa de telefonia, Miguel Horta e Costa.
De acordo com o depoimento de Marcos Valério, a transferência do dinheiro se deu através de uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, para uma conta bancária de publicitários brasileiros que prestaram serviços para a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores em 2002. Como prova das negociações para o pagamento, Valério mencionou a viagem que ele próprio, acompanhado do seu ex-advogado Rogério Tolentino e do ex-secretário do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) Emerson Palmieri, fizeram a Portugal em 2005.
A segunda explicação avança pela família do lobista-fugitivo Lula. A dona da Oi, a Telemar, despejou, em 2005, a bagatela de R$ 5 milhões na Gamecorp, empresa de propriedade de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e os filhos do petista Jacó Bittar.
Com base em fatos da recente história brasileira, não é difícil imaginar o tamanho do estardalhaço petista se esses episódios envolvessem políticos da oposição.