Campo de Libra: “Foi uma doação e não um leilão”, critica presidente nacional do PPS

Cartas marcadas – O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), considerou “um fracasso” o resultado do leilão do pré-sal que definiu os responsáveis pela exploração do campo de Libra. “Foi uma doação e não um leilão. Todo esse processo de atração de investidores terminou em um fracasso e no final o governo teve que recorrer a ‘arrumadinho’”, disse o parlamentar, ao comentar a formatação do grupo que ganhou o leilão.

Apenas um consórcio, liderado por Petrobras (10%, mais os 30% obrigatórios), Shell (20%), Total (20%) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada) apresentou proposta. Com isso, não houve ágio no leilão, ficando garantido para a União apenas a oferta mínima de 41,65% de retorno do petróleo produzido.

Outra preocupação do deputado é com a saúde financeira da Petrobras que, com o leilão, terá que desembolsar R$ 6 bilhões para o pagamento do bônus. Ainda vai arcar com R$ 160 milhões para a montagem da estrutura para a exploração dos poços.

“O leilão teve de tudo, menos concorrência. Isso demonstra que os investidores brasileiros não confiam no governo brasileiro. O segundo aspecto, e preocupante, é com relação a Petrobras. A empresa teve o pior momento de sua história nos governos Lula/Dilma. Houve gestão temerária e até prejuízos, com a Petrobras tendo que se desfazer de seu patrimônio. Agora terá que fazer grandes investimentos. Será que isso vai funcionar?”, questionou Freire.

Forças Armadas

O deputado ainda criticou duramente a convocação das Forças Armadas para garantir a realização do leilão. “A que ponto chegou o governo Lula/Dilma. É um absurdo usar as forças Armadas para garantir a realização de um leilão. Isso demonstra o descrédito da população com o governo e revela ainda as incoerências do PT, que em campanhas acusava a oposição de tentar privatizar a Petrobrás. Agora fazem uma privatização e chamam as Forças Armadas para garantir a segurança. É uma desmoralização”, criticou.

Bônus

O consórcio vencedor do campo de Libra terá que pagar um bônus de R$ 15 bilhões para a União e também se compromete a disponibilizar um conteúdo local mínimo de bens e serviços. O bônus, como já admitiu o Planalto, será usado para tapar um buraco nas contas no governo. Ou seja, esses recursos não serão usados para os investimentos que o país precisa, mais para que o Brasil atinja a meta de superávit primário, a economia que o país faz para o pagamento de juros da dívida.

A previsão é de que o consórcio, que ganhou o direito de explorar a área por 35 anos, tenha que investir mais de R$ 400 milhões nesse período. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) estima que Libra tenha de 8 a 12 bilhões de barris recuperáveis.