Contrato superfaturado de US$ 825 milhões é o mais novo escândalo da combalida Petrobras

Chame o ladrão! – Se na Petrobras o bode ainda estava no quintal, agora está na sala da presidência. Pelo menos essa é a conclusão a que se chega ao analisar a denúncia de contrato superfaturado firmado entre a estatal petrolífera e a Construtora Odebrecht.

Em 2010, a Petrobras, à época presidida por José Sergio Gabrielli, contratou a Odebrecht pela bagatela de US$ 825,6 milhões para a prestação de serviços na área de segurança e meio ambiente em dez países. O contrato previa absurdos como, por exemplo, o aluguel de três máquinas de fotocópias, na Argentina, pelo valor de R$ 7,2 milhões. Outros R$ 3,2 milhões pelo aluguel de um terreno próprio, além de R$ 22 mil de salário mensal de pedreiro contratado nos Estados Unidos.

Ainda valendo, o contrato (nº 6000.0062274.10.2) classificado como PAC SMS, foi fechado pela área Internacional da empresa, mas reduzido quase à metade neste ano, na gestão de Maria das Graças Foster. Dos 8,8 mil itens constantes do documento, a extensa maioria apresentava indícios de irregularidades. O que não é novidade em se tratando de administração petista na maior empresa brasileira.

De acordo com o site do jornal “O Estado de S. Paulo”, o corte de pelo menos US$ 344 milhões no contrato ocorreu após auditoria interna da Petrobrás, que considerou a o negócio equivocado. Fosse a Petrobras uma empresa privada, esse negócio “da China” seria considerado criminoso e os responsáveis já estariam contemplando o nascer do astro-rei de maneira geometricamente distinta.

Para que o leitor compreenda os motivos da intensa movimentação de parlamentares no Congresso Nacional, ainda na era Lula, para evitar a criação da CPI da Petrobras, o montante considerado indevido pela própria petroleira é quatro vezes maior do que o volume de recursos desviados durante o Mensalão do PT (R$ 170 milhões), o maior escândalo de corrupção da história nacional. Contudo, é bom frisar que o pelo caixa do Mensalão do PT passou muito mais dinheiro do que o apurado pela Procuradoria-Geral da República.

Em meados de 2006, quando a corrida presidencial ainda estava em seus primeiros capítulos, a horda petista, no afã de garantir a reeleição de Lula, espalhou o boato de que uma vitória do PSDB nas urnas significaria a imediata privatização da Petrobrás. Considerando a grave situação financeira da empresa e os sucessivos escândalos, muitos dos quais abafados, melhor seria a privatização, pois teria entrado dinheiro nos cofres da União.

A sequência de escândalos na Petrobras explica o fiasco que marcou a CPI das Ongs, cujo relator, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), produziu, a mando do Palácio do Planalto, um relatório que serve para nada. Os patrocínios da empresa a entidades ligadas ao Partido dos Trabalhadores é um escárnio sem precedentes.