PF deveria agir de forma isonômica e investigar relacionamento da francesa Alstom com Itaipu

Boi na linha – Há uma movimentação estranha por parte do governo do PT na investigação do caso Alstom, empresa de origem francesa que é acusada de pagamento de propina a autoridades do governo paulista para vencer licitações do setor metroferroviário. A ação ganhou reforço com a investigação por parte do Cade, da alemã Siemens, que se declarou culpada pela formação de cartel que forneceu material e serviços ao Metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Com a manifestação de autoridades suíças, que reclamaram da forma displicente como o Ministério Público Federal atuou no caso, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens de alguns diretores da filial brasileira da Alstom e da própria empresa. A decisão foi tomada após a Polícia Federal ter indiciado alguns políticos ligados ao PSDB, sob a acusação de participação no esquema criminoso.

O caso deve ser investigado à exaustão e nenhum dos envolvidos deve ser poupado, desde que comprovada a culpa. Não será o fato de pertencer a esse ou aquele partido que um integrante do esquema escapará das garras da lei.

Contudo, o que não se pode aceitar é a falta de isonomia na investigação do caso, que pode ser mais um escândalo no paraíso da corrupção em que se transformou o Brasil. Como se sabe, o PT está colocando lenha na fogueira do caso Alstom porque sabe que o assunto, se esclarecido, afetará politicamente o PSDB. De olho no Palácio dos Bandeirantes, os petistas têm dedicado atenção especial ao assunto, ate porque a legenda precisa fazer decolar a campanha, ainda que antecipada, de Alexandre Padilha.

Se a ideia é de fato desvendar as ações ilegais da Alstom no País, que a Polícia Federal investigue a relação da empresa com a binacional Usina Hidrelétrica de Itaipu. No caso de a investigação rumar nessa direção, não causaria supresa se novos e maiores escândalos de corrupção surgissem na cena política nacional. Sem contar que algumas candidaturas, consideradas como favas contadas, poderiam implodir com muita facilidade, não sem antes o imbróglio respingar na campanha da presidente Dilma Rousseff.

Não por acaso, o ucho.info tem sugerido com certa insistência para que as investigações do caso Alstom sejam ampliadas em termos da linha do tempo, pois com certeza alguns partidos seriam flagrados em escândalos de corrupção capazes de destruir a reputação de alguns políticos que continuam a circular como impolutos.