Fronteiras: líder do PPS pede convocação de ministro da Justiça e cita exemplos de abandono

Soltando a voz – Preocupado com a queda de investimentos e abandono de diversos pontos de vigilância nas fronteiras do país, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), anunciou nesta quarta-feira (13) que pedirá a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. O parlamentar afirma que a redução de 18,5% nos investimentos do Plano Estratégico de Fronteiras, em 2013, aliado à redução de efetivo da Polícia Federal e o sucateamento de equipamentos, aumenta a fragilidade da fiscalização.

“As fronteiras brasileiras com os países vizinhos vem se tornando um verdadeiro queijo suíço, facilitando a entrada de drogas e armas no Brasil com o consequente fortalecimento de organizações criminosas”, alerta o parlamentar. Citando dados do próprio ministério, Rubens Bueno diz que o ministro precisa explicar por que, às vésperas da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a pasta reduziu de 361,7 milhões em 2012 para 295,1 milhões neste ano os recursos para a proteção de nossas fronteiras.

Lancha blindada de R$ 2 milhões abandonada

Exemplos do caos que toma conta de nossas divisas não faltam. Designados para combater o tráfico de drogas e contrabando na cidade paranaense de Guaíra, que faz fronteira com o Paraguai, agentes da Polícia Federal não contam com rádios para comunicação e são obrigados a perseguir os criminosos com barcos de pesca, enquanto uma lancha blindada de R$ 2 milhões, adquirida pelo governo, está parada há meses no pátio do posto de fiscalização com problemas mecânicos.

A situação já provocou a queda no número de apreensões. Em 2011, foram apreendidas 46 embarcações. O número caiu para 35 em 2012 e, até o mês de outubro deste ano, foram apenas 11. “Como os próprios agentes da Polícia Federal estão denunciando, a fronteira virou um queijo suíço por onde passam livremente toneladas de drogas, contrabando e fugitivos da Justiça. É necessário que o ministro explique o motivo de chegarmos a esse ponto”, cobrou o líder do PPS.

O problema, alerta o deputado, atinge também a Ponte Tancredo Neves, na fronteira de Foz do Iguaçu com Puerto Iguazú, na Argentina. Lá, um posto de fiscalização que custou R$ 250 mil virou estacionamento. “O jornal Gazeta do Povo mostrou nesta semana que 16 cabines construídas para controlar a entrada e saída de pessoas e veículos estão desativadas devido à falta de agentes. É dinheiro público jogado no lixo”, criticou Rubens Bueno.

Gastos congelados e queda de efetivo

Nos últimos seis anos, segundo o Sindicato dos Policiais Federais do Paraná (Sinpef-PR), os gastos da PF no estado com custos gerais, como locação de mão de obra e pagamento de passagens e diárias aos policiais, estão “congelados” em cerca de R$ 19 milhões.

O efetivo também é insuficiente. Conforme o Sinpef-PR, a PF deveria contar com 1,5 mil policiais fazendo investigação no estado, mas o total hoje não passa de 500.