Efeito dominó – Quando, há dias, procurou seu pupilo Fernando Haddad para lhe passar uma carraspana, o agora lobista Lula sabia o que estava fazendo. O ex-presidente repreendeu o prefeito paulistano por causa das suas trapalhadas políticas, que já produziram estragos no projeto de reeleição de Dilma e na campanha de Alexandre Padilha, candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes.
Responsável pelo período mais corrupto da história nacional e sabedor de que política não é ofício de inocentes, Lula sabia que, a qualquer momento, a fervura decorrente da queda de braços entre Haddad e Gilberto Kassab produziria queimaduras. O primeiro queimado nesse imbróglio, além dos fiscais corruptos, é o vereador petista Antonio Donato, que coordenou a campanha de Fernando Haddad à prefeitura da maior cidade brasileira e foi guindado ao cargo de secretário de Governo.
Na primeira farpa lançada por Kassab, o prefeito de São Paulo tentou se defender, mas era tarde demais. O troco foi dado e começou a desmoronar o castelo de areia petista, que deve atingir o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, cuja esposa é sócia de um dos fiscais acusados de fraude ao ISS.
A grande preocupação de Lula é com a possibilidade de a devassa prometida pelo PT – que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, chamou de caixa de Pandora paulistana – alcance a administração da companheira Marta Suplicy, que comandou a capital paulista de 2000 a 2004. Se isso acontecer, o estrago no PT será sem precedentes.