Procurado pela Interpol, Henrique Pizzolato foi, um dia, duro crítico da prática de compra de votos

Rota de fuga – Condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, fugiu para a Itália e seu nome já foi incluído na lista de procurados da Interpol (difusão vermelha), a pedido da Polícia Federal.

Quando ainda era ativo militante do Partido dos Trabalhadores, Pizzolato foi um ácido crítico da compra de votos. Candidato do PT ao governo do Paraná, em 1990, o agora foragido Henrique Pizzolato usou o tema como ferramenta de campanha, sendo que nos palanques eleitorais não poupava críticas aos adeptos da prática criminosa que, anos depois, o seu próprio partido adotou ao chegar ao Palácio do Planalto com Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula.

Na campanha, o então jovem Henrique Pizzolato dava lições de moral e chamava os adversários políticos de “safados” (vídeo abaixo). Mas o tempo encarregou-se de ser, como sempre, o senhor da razão, mostrando que nove em cada dez petistas rasgaram o discurso do passado depois que experimentaram as benesses do poder.

Desdobramentos da fuga

A Polícia Federal foi informada no último sábado (16) de que ele estava na Itália e que pleitearia um novo julgamento no país europeu. Por conta disso, a PF considera Pizzolato foragido e solicitou para que seu nome fosse incluído na lista de procurados da Interpol. As informações sobre a fuga do ex-diretor do BB, que teve a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal na esteira do julgamento do processo do Mensalão do PT, foram distribuídas por meio de alerta para 188 países, inclusive com o mandado de prisão.

O advogado Marthius Sávio Cavalcante Lobato, que ao saber da fuga anunciou que deixaria a defesa de Henrique Pizzolato, afirmou que seu ex-cliente está na Itália. Em telefonema para o delegado Marcelo Nogueira, o advogado informou que ao chegar à casa de Pizzolato, no bairro carioca de Copacabana, foi informado por familiares que ele tinha viajado para a Itália.

Henrique Pizzolato enviou carta, divulgada por Marthius Sávio, em que explica sua saída do País e afirma que requererá ao governo italiano um novo julgamento, livre de interesses político-eleitorais.

PF aposta em saída clandestina

Responsável por repassar R$ 73 milhões do Visanet às agências de publicidade de Marcos Valério, o operador do Mensalão do PT, o ex-diretor do BB é o único dos doze condenados pelo Supremo que tiveram os mandados de prisão expedidos na última sexta-feira (15) e que ainda não se apresentou à polícia. A pena total é 12 anos e 7 meses, por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. O STF negou o último recurso possível e decidiu que, no caso de Pizzolato, a Ação Penal 470 terminou. A pena deve ser cumprida em regime fechado, em presídio de segurança média ou máxima.

Para o delegado Marcelo Nogueira, Pizzolato, que possui cidadania e passaporte italianos, saiu do Brasil de forma clandestina, através de Pedro Juan Caballero (Paraguai), uma vez que seu nome consta da lista de procurados impedidos de deixar o País. A partir de agora, cabe ao Ministério da Justiça requerer ao governo da Itália a extradição judicial do condenado no maior escândalo de corrupção da história nacional.