Desesperado com o desempenho pífio de Dilma, PT usa o caso Siemens para conter adversários

jose_eduardo_24Armação vermelha – A trama do PT em torno do caso Siemens se mostra cada vez mais vergonhosa, inclusive com a revelação da participação direta do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que já estaria demitido se o Brasil fosse um país com autoridades minimamente responsáveis. Em nota assinada pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, pelo líder na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e pelo presidente do diretório de São Paulo, Duarte Nogueira (SP), o partido defende o afastamento imediato dos envolvidos na trama como forma de garantir a isenta apuração dos fatos.

Os tucanos pedem também o afastamento do presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Duarte de Carvalho, e de Simão Pedro, secretário do prefeito Fernando Haddad. “O PSDB sempre deixou claro que é o principal interessado nas investigações, doa a quem doer. O que não podemos admitir é que uma operação como essa – em que órgãos do Governo Federal estão envolvidos – seja armada para prejudicar adversários. Isso é inaceitável”, afirmam os parlamentares na nota.

Cardozo recebeu um dossiê que tenta envolver, sem qualquer prova, autoridades do governo paulista e lideranças tucanas, do Democratas, do PSB e do PPS no escândalo. O ministro tratou de espalhar a denúncia, que, soube-se agora, é apócrifa, tendo sido renegada pelo suposto autor, Everton Rheinheimer, ex-diretor da empresa Siemens. “A prática nefasta e habitual do PT é a mesma. Utilizam-se de dossiês fajutos para atacar políticos e partidos da oposição”, afirmou Sampaio via Facebook.

José Eduardo Martins Cardozo admitiu que foi ele, e não o Cade, quem encaminhou os documentos à Polícia Federal, contrariando versão anterior. Também disse que recebeu os papeis de maneira informal das mãos de Simão Pedro, em um final de semana. Essas contradições colocam o governo do PT sob suspeita, não sem antes revelar a trama sórdida que escorre pelas entranhas do partido que em apenas uma década revelou sua vocação para o banditismo político.

Uma das intenções do ministro é proteger Vinícius Carvalho, sobrinho de Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência) e militante petista aprovado para a presidência do conselho após omitir atuação na chefia de gabinete de Simão Pedro na liderança do PT na Assembleia Legislativa paulista.

O Partido dos Trabalhadores usa o caso para tentar denegrir a imagem de adversários políticos, como já fez em outras ocasiões, declarou Duarte Nogueira. “Tudo isso nos leva a crer que esta é mais uma reedição do que ficou conhecido como Dossiê Cayman, Lista de Furnas, Dossiê dos Aloprados, ou seja, uma mentira organizada pelo PT para atingir adversários, no caso o próprio PSDB, e que agora vem travestida de uma ação supostamente com o apoio do Cade e da Polícia Federal”, disse.

Segundo Nogueira, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) requererá a presença do ministro da Justiça na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para que preste esclarecimento sobre sua participação nas denúncias. “Vamos requerer a presença do presidente do Cade para explicar isso na Comissão de Assuntos Econômicos, até porque isso distorce a Lei de Concorrência e prejudica a transparência nas questões econômicas do país. Isso por causa de uma irresponsabilidade em que está muito clara a natureza partidário-eleitoral”, avisou.

Ainda de acordo com o deputado, o partido oficiará os presidentes do Senado e da Câmara para exigir que a PF e o Ministério da Justiça liberem o acesso de ambas as Casas legislativas aos documentos, uma vez que os parlamentares foram citados na denúncia, que até agora se mostra falsa. Os tucanos pretendem acionar a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo para inquirir o deputado Simão Pedro por denúncia supostamente mentirosa, além de pedirem novamente acesso à Corregedoria do Estado aos documentos do caso.

A verdade como ela é

Os tucanos têm não apenas o direito, mas a obrigação de se defenderem, mas é preciso parcimônia ao fazer acusações, algo que eles próprios reclamam em relação ao PT. No caso do Dossiê Cayman, não coube aos petistas a produção do conjunto de documentos que pode ser classificado como uma obra de ficção sobre fatos verdadeiros.

A operação foi capitaneada por um grupo de brasileiros que viviam em Miami, que de posse de informações privilegiadas do mercado financeiro internacional decidiram produzir um dossiê para ser vendido a políticos interessados em tumultuar a campanha de FHC à reeleição, em 1998. O dossiê foi oferecido ao então candidato Luiz Inácio da Silva, que de pronto descartou a possibilidade de usá-lo contra seu adversário na corrida ao Palácio do Planalto.

Em relação aos outros rapapés utilizados pelo PT, como a Lista de Furnas, o Dossiê dos Aloprados – também conhecido como Dossiê Cuiabá – e a quebra do sigilo fiscal de José Serra e outros tucanos, o PSDB tem razão de reclamar, pois os mencionados escândalos, sórdidos e covardes como sempre, caíram no esquecimento sem que os responsáveis fossem punidos como manda a lei.

Blindando os acusados

Quando, na última semana, surgiu a denúncia do suposto envolvimento de secretários do governo paulista no esquema da Siemens, o ucho.info sugeriu que o Geraldo Alckmin deveria afastar, não demitir, os acusados, como forma de preservá-los. O editor do site insiste que tal medida não apenas serviria para mostrar a disposição do governo de São Paulo de ver o assunto esclarecido, mas funcionaria também como arma eleitoral contra o próprio PT.

Se isso tivesse o ocorrido, os secretários já teriam retornado ao cargo e com muito mais força, a exemplo do que fez o então presidente Itamar Franco com Henrique Hargreaves, seu amigo de longa data e à época chefe da Casa Civil. Fora isso, o PSDB teria muito mais argumentos para cobrar do governo petista de Dilma Rousseff uma providência em relação ao envolvimento de José Eduardo Cardozo e Vinícius de Carvalho na farsa que começa a sair do nevoeiro.

As ações estabanadas do governo do PT deixam claro que o partido foi tomado por crescente desespero diante da possibilidade de Dilma enfrentar sérias dificuldades em seu projeto de reeleição, em especial porque a economia brasileira tende a desandar ainda mais no próximo ano, quando acontecem as eleições.

O que o PT tenta com suas incursões desmedidas e ilegais é tumultuar o processo, dando a entender que uma eventual derrota de Dilma representaria a perda, por parte da população, das conquistas dos últimos anos. Acontece que essas conquistas não passam de bolhas de virtuosismo, que começam a estourar e despejar a dura realidade no colo dos brasileiros. O maior exemplo do fiasco em que se transformou a era petista é o retorno da inflação, que no mundo real dos números está na casa de 20% ao ano.