Tempo para pensar – Dois anos após o escândalo internacional das próteses de silicone de baixa qualidade importadas da França, o fundador da empresa Poly Implant Prothèse (PIP), Jean-Claude Mas, 74 anos, foi condenado na terça-feira (10) a quatro anos de prisão, acusado de fraude e de enganar conscientemente seus clientes durante anos.
Além da prisão, o tribunal de Marselha condenou o fundador da PIP a pagar uma multa de 75 mil euros e o proibiu de voltar a exercer cargos de gestão empresarial ou trabalhar no setor médico. Outros quatro ex-funcionários da empresa, incluindo o diretor do departamento financeiro, foram condenados com sentenças de variam de um ano e meio de liberdade condicional e três de prisão.
Todos os acusados admitiram saber que as próteses eram preenchidas com um silicone industrial mais barato, diferente do produto declarado oficialmente, para obter lucros avaliados em € 1 milhão por ano. Mas eles afirmam, com exceção de um, que ignoravam os riscos à saúde.
Jean-Claude Mas pediu desculpas às vítimas e continuou afirmando que o produto não é nocivo. Esse material vinha sendo usado desde 2001 na fabricação dos produtos da empresa. Pelo menos 300 mil mulheres no mundo possuíam implantes mamários fabricados pela PIP. No Brasil, aproximadamente 25 mil deles haviam sido comercializados.
Silicone industrial
Segundo um ex-funcionário da empresa, a economia não era feita somente com o gel de silicone usado para o preenchimento das próteses, mas também nas bolsas dos implantes. Em 2010, a comercialização desse produto foi proibida na França, devido ao alto índice de ruptura.
O último balanço da agência francesa de produtos de saúde registrou a ocorrência de mais de 7,5 mil rupturas e três mil efeitos secundários nocivos, principalmente reações inflamatórias.
A PIP chegou a ser a terceira maior fabricante de implantes mamários do mundo, mas faliu em 2010, quando o governo francês determinou um recall dos implantes. Em dezembro de 2011, o escândalo se tornou conhecido mundialmente, após autoridades da França recomendaram a retirada dessas próteses para as 30 mil mulheres no país que possuíam esse produto, pois eles poderiam se romper e causar infecções e irritações.
No Brasil, a comercialização das próteses PIP foi suspensa em 2010, após o governo francês divulgar informações sobre a possível fragilidade e a possibilidade de rompimento do produto.