Fio trocado – O conteúdo da entrevista concedida pelo procurador federal Rodrigo De Grandis aos jornalistas Fausto Macedo e Mateus Coutinho, do jornal “O Estado de S. Paulo”, é no mínimo um acinte. De Grandis disse aos jornalistas que não vê o grupo de baderneiros “Black Bloc” como organização criminosa.
O procurador afirmou que os vândalos que destruíram importantes metrópoles brasileiras, começando por São Paulo, onde a devastação e a violência foram impressionantes, “se assemelhariam mais à ideia de associação criminosa, do que propriamente de organização”.
“Eu não sei direito o que são os ‘black blocs’. Precisa verificar se efetivamente essas pessoas que se autodenominam ‘black blocs’ se associam de forma estável e permanente, com a finalidade de praticar crimes cuja pena seja superior a 4 anos de prisão, com divisão de tarefas e hierarquia”, pondera De Grandis. “Pelo que vi na imprensa esse grupo ainda não tem esse grau de sofisticação, estrutura”.
É preciso saber a qual imprensa Rodrigo De Grandis se refere, pois diversos veículos de comunicação noticiaram detalhes de como os baderneiros são cooptados para, em seguida, receberem treinamento, como base em dogmas da esquerda radical. O jornalista Leonel Rocha, da revista Época, produziu interessante e detalhada matéria sobre o “Black Bloc”, tendo inclusive visitado a central do grupo.
O líder do “Black Bloc” disse ao jornalista que o grupo recebe dinheiro de ONGs nacionais e estrangeiras para fazer guerrilha urbana. Na matéria, Leonel Rocha é claro ao afirmar que “ao contrário do que afirmam órgãos de segurança federais e estaduais, eles não são manifestantes que aparecem nos protestos “do nada”, sem organização”. Ou seja, a afirmação do jornalista, que esteve no centro de treinamento do grupo, localizado em um sítio no interior paulista, é prova inconteste de que o “Black Bloc” é uma organização criminosa que conta com apoio financeiro de entidades ligadas à extrema esquerda.
Rodrigo De Grandis, o procurador, é uma figura bisonha que adora torrar os minutos de fama a que tem direito. Foram dele as muitas anuências que levaram a Operação Satiagraha à margem da ilegalidade. Pode parecer coincidência, mas De Grandis está no centro da polêmica do escândalo envolvendo a empresa Alstom, que integrou cartel para o fornecimento de material metroferroviário do Metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O procurador recebeu da Justiça suíça um pedido de informações sobre o caso no Brasil, mas deixou de atender à solicitação internacional no prazo sob a desculpa de que arquivara o documento em pasta errada.
De Grandis deveria ser mais atento aos fatos que aterrissam em sua escrivaninha, pois já não está convencendo o fato de enxergar crime onde não existe e de não enxergar onde eles existem aos bolhões.
Com atuação importante em defesa da sociedade e contando com destacados integrantes, como a procuradora Janice Barreto Ascari, cuja trajetória de sucesso levou-a a passar uma temporada na Procuradoria-Geral da República, o capítulo paulista do Ministério Público Federal não merece passar por constrangimentos desse naipe. Enfim, como disse certa feita um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.