Mudez estranha – Governador do mais importante estado da federação, São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin continua devendo explicações convincentes sobre o caso do cartel liderado pela Siemens, criado para fornecer material metroferroviário para o Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Alegar que o estado foi vítima e está pronto para buscar na Justiça eventuais ressarcimentos aos cofres públicos é muito pouco, uma vez que em jogo está, como sempre, o suado dinheiro do contribuinte.
De nada adianta ocupar os meios de comunicação para exalar pílulas de probidade, pois como diz o ditado, à mulher de César não basta ser honesta, mas parecer como tal. Acontece que no caso do governo paulista tem prevalecido a aparência de honesto, sem que a honestidade propriamente dita tenha sido comprovada até então. Qualquer desavisado sabe que política só acontece a reboque de muito dinheiro, sem o qual nenhum candidato consegue alcançar seus objetivos políticos. Fora isso, as campanhas eleitorais no Brasil têm preços tão absurdos, que a Justiça prefere fechar os olhos e acreditar nas prestações de contas dos candidatos.
Por enquanto está evidente que a denúncia levada à Polícia Federal pelo ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, é uma fraude escandalosa e grosseira, mas até agora nenhum dos acusados apelou ao Judiciário para que o caso seja esclarecido. Se isso aconteceu, os acusados não deram a devida publicidade ao caso. A postura da oposição é tão pífia, que até mesmo as acusações levianas balbuciadas por petistas esbarram na incapacidade de eloquência que grassa nos partidos políticos que fazem o contraponto ao PT e seus agregados políticos.
Em São Paulo, o PSDB continua dormindo em berço esplêndido não por causa da competência dos governantes locais, mas, sim, pela rejeição que o eleitorado paulista tem em relação ao Partido dos Trabalhadores, que cada vez mais se assanha para tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes. Tanto é assim, que a presidente Dilma Rousseff aumento nos últimos tempos as incursões oficiais na mais rica unidade da federação, seguida de perto pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato petista que disputará a corrida eleitoral contra Geraldo Alckmin.
Os tucanos sabem que o jogo rasteiro do PT torna-se ainda mais sujo em época de campanha, mas mesmo assim nada fazem para neutralizar essa peçonha criminosa que a cada dois anos domina os bastidores eleitorais. Por enquanto os ocupantes do Palácio dos Bandeirantes estão se fiando nas pesquisas de opinião que apontam a vitória de Alckmin, mas não se pode acreditar plenamente em números estatísticos, assim como não merece crédito a forma como acontecem esses levantamentos de dados. Política é assunto para profissional, o que requer preparo para escapar das garras do inimigo e competência para neutralizá-lo.