Dupla face – Depois de desafiar as fronteiras entre o clássico e o popular, entre a compostura artística e a sensualidade provocante, a violinista Vanessa Mae rompe as barreiras que separam os mundos da música e do esporte: ela está classificada para competir pela Tailândia nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na categoria slalom de esqui alpino.
Segundo a Federação Internacional de Esqui (FIS, na sigla em francês), no último fim de semana o rendimento de Mae em quatro corridas consecutivas na Eslovênia foi forte o suficiente para garantir sua qualificação para o torneio internacional.
Dos trópicos à neve
Nascida em Cingapura, de nacionalidade britânica, ela representará o país de origem do pai e usará o sobrenome dele, Vanakorn. Entre suas adversárias estarão duas campeãs do slalom: a americana Mikaela Shiffrin, favorita para a medalha de ouro, e a alemã Maria Höfl-Riesch, vencedora dos Jogos Olímpicos de 2010, em Vancouver.
Desde 2009 a artista de fama internacional mantém residência na estância de esqui alpina Zermatt. Em princípio, suas chances de uma medalha em Sochi são modestas: entre outros fatores, com 35 anos ela tem quase o dobro da idade de Shiffrin.
Ainda assim o Comitê Olímpico da Tailândia manifestou entusiasmo ao tomar conhecimento das ambições olímpicas da violinista em 2013. “Todo o mundo conhece Vanessa Mae, nós saudamos a iniciativa 100%”, declarou na ocasião Tassanai Mukkawichit, responsável por relações internacionais do comitê.
A primeira e até agora única investida da tropical Tailândia nas Olimpíadas de Inverno não teve fim muito glorioso: em 2002, em Salt Lake City (EUA), o engenheiro Prawat Nagvajara, então com 43 anos de idade, começou o trajeto de 30 quilômetros da corrida de longa distância. “Ele não ganhou nenhuma medalha e ainda quebrou a perna”, lembra Tassanai.
Violino sexy
Indagada sobre sua motivação para aspirar às pistas olímpicas, a bela asiática respondeu: “Na vida é preciso às vezes se expor a riscos, senão não tem graça.” Quanto aos paralelos entre tocar violino profissionalmente e esquiar, disse: “A chave é técnica, experiência e sensibilidade.”
Prodígio musical, Vanessa Mae estreou em concerto aos dez anos de idade, no Festival de Música de Schleswig-Holstein, na Alemanha. Ela está no Guinness, o livro dos recordes, como a mais jovem violinista a gravar tanto um concerto de Ludwig van Beethoven como de Piotr Tchaikovsky, aos 13 anos.
A partir de meados da década de 1990, passou a chamar a atenção do público mais amplo, com videoclips em que aparecia em poses sexy, de cabeleira esvoaçante, vestidos decotados até o umbigo e blusas molhadas.
Tocando tanto em instrumentos acústicos como elétricos e com um repertório que vai do erudito ao techno, ela já vendeu mais de 10 milhões de álbuns em todo o mundo. Em 2006, sua fortuna foi avaliada em cerca de 40 milhões de euros, o que lhe valeu o título de mais rica artista do Reino Unido abaixo dos 30 anos.
Logo após os primeiros sucessos da filha como musicista clássica-pop, seu pai, o hoteleiro Vorapong Vanakorn, a criticou publicamente e disse que “ela parece uma show-girl de pornô soft”. A mãe, a advogada e pianista semiprofissional Soei Luang Tan, foi agente de Vanessa até ser despedida por ela em 1999. (Deutsche Welle)