Campo minado – Entre os operadores do Direito que atuaram no caso do Mensalão do PT cresce a tese de que o julgamento do maior escândalo de corrupção da história nacional pode ser revertido no rastro de um desdobramento da investigação do esquema palaciano de cooptação de parlamentares através do pagamento de mesadas. A ideia é tentar provar que não foi utilizado dinheiro público no imbróglio, mas de empresários interessados em se aproximar do governo e fazer negócios.
Desde que o Mensalão do PT veio à tona, o ucho.info afirma que o caixa do escândalo foi alimentado por diversas fontes, além do dinheiro desviado do Visanet pelo petista Henrique Pizzolato, condenado à prisão na Ação Penal 470 e que encontra-se foragido, possivelmente na Itália.
Como temos reiterado, o caso do Mensalão do PT tem conexões com a Operação Satiagraha e com o esquema criminoso que emoldurou o brutal assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André.
A interface da Operação Satiagraha com o Mensalão do PT passou pelas agências de propaganda de Marcos Valério, que administravam as contas publicitárias de duas empresas de telefonia celular. Quando a CPI dos Correios identificou que notas fiscais das agências de Marcos Valério tinham sido queimadas por um contador, em Belo Horizonte, ficou claro que o objetivo da ação era esconder o superfaturamento das campanhas publicitárias das empresas de telefonia. O superfaturamento era consentido, pois a diferença entre o valor real e o valor cobrado ia para o caixa do Mensalão do PT. Isso porque o dono das empresas de telefonia tinha interesse em se aproximar do Palácio do Planalto de alguma forma. E foi com dinheiro sujo que isso aconteceu.
A segunda fonte de abastecimento financeiro do caixa do Mensalão do PT foi o conjunto de empréstimos bancários – concedidos pelos bancos Rural e BMG – que o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República insistiram ao longo do processo em classificar como fraudulentos, quando na verdade foram fictícios. A ficção é facilmente comprovada pela movimentação de dinheiro das duas instituições nas empresas financeiras que controlam em paraísos fiscais. No caso do Rural, o Mensalão do PT se valeu do Tradelink Bank para embasar os empréstimos concedidos no Brasil.
Essa operação serviu para repatriar o dinheiro da propina cobrada em Santo André e que foi depositada em contas bancárias abertas em paraísos fiscais. Como trazer para o Brasil o dinheiro sujo era uma operação arriscada, a saída encontrada pelos alarifes foi transferir o montante para os bancos estrangeiros e receber o equivalente em território brasileiro. Por isso a ideia falaciosa dos empréstimos.
Nem todo o dinheiro das propinas de Santo André conseguiu ser repatriado, mas o montante disponibilizado no Brasil foi suficiente para movimentar o Mensalão do PT. A operação era tão ousada, que Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, ex-tesoureiro do partido, chegou a declarar que o objetivo do esquema era movimentar R$ 1 bilhão.
No caso de os petistas insistirem na tese de promover uma reviravolta no caso do Mensalão do PT, a situação deve piorar e muito para os mensaleiros já condenados e outros que conseguiram, por enquanto, escapar das garras da lei. Não por acaso, o Banco Rural acabou liquidado pelo Banco Central, até porque a instituição que foi presidida por Kátia Rabelo era um vasto arquivo de provas contra o governo de Lula e seus sequazes.
Resumindo, o caixa do Mensalão do PT movimentou recursos públicos desviados do Banco do Brasil e dinheiro sujo das propinas de Santo André e de empresários oportunistas ávidos por negócios com o governo e favores palacianos.