Passarinho na gaiola – A Polícia Federal informou, há instantes, que Henrique Pizzolato, condenado à prisão no processo do Mensalão do PT e que estava foragido, foi detido por autoridades italianas. De acordo com a PF, a operação foi em conjunto com a polícia italiana.
Ex-diretor do Banco do Brasil e acusado de desviar recursos do Visanet para o esquema criminoso operado pelo Palácio do Planalto durante o primeiro governo Lula, Pizzolato foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. A pena restritiva de liberdade imposta pelo Supremo Tribunal Federal, após análise dos recursos, deve ser cumprida inicialmente em regime fechado por ser superior a oito anos.
Henrique Pizzolato deixou o País e foi para a Itália, a fim de evitar a prisão, aproveitando o fato de ter dupla nacionalidade. O mensaleiro teria deixado o Brasil 45 dias antes da decretação da sua prisão pelo relator da Ação Penal 470, ministro Joaquim Barbosa.
O ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, afirmou, em dezembro, que a Polícia Federal trabalhava para localizar Pizzolato, mas salientou na ocasião que nada poderia ter sido feito para evitar a fuga do ex-diretor do BB. “Qualquer medida restritiva só poderia ter ocorrido por ordem judicial. Há todo o empenho para localizar o senhor Henrique Pizzolato”, declarou o ministro.
Pizzolato foi localizado pela PF em operação conjunta com a polícia italiana. Com esse novo fato, o STF poderá requerer à Justiça da Itália a extradição de Henrique Pizzolato, o que poderá ser negado por causa da dupla nacionalidade do mensaleiro. Ademais, o governo italiano ainda não digeriu a decisão do então presidente Luiz Inácio da Silva de negar a extradição do terrorista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua no país europeu.
Caso se confirme a recusa do governo italiano em extraditar Pizzolato, o STF poderá enviar dados sobre o processo do Mensalão do PT para que o ex-diretor do Banco do Brasil tenha novo julgamento na Itália.
Independentemente de qual seja a decisão do governo da Itália, Henrique Pizzolato é um arquivo vivo e ambulante e sabe muito sobre o modus operandi do Partido dos Trabalhadores, principalmente em relação ao maior escândalo de corrupção da história nacional. Vale lembrar que em depoimento à CPI dos Correios, em 2005, Pizzolato não poupou o então ministro Luiz Gushiken, já falecido, acusado de ser o mandante das transferências de recursos do Visanet para o caixa do Mensalão do PT. Por conta dessa acusação, Pizzolato foi abandonado pelo partido em todos os sentidos, inclusive financeiro.
A prisão de Henrique Pizzolato acontece no momento em que o livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, do ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., e do jornalista Claudio Julio Tognolli, está entre os mais vendidos. O cruzamento das denúncias contidas no livro com eventual delação do mensaleiro ítalo-brasileiro pode implodir o PT. Basta que Pizzolato resolva contar o que sabe.