Fora do tom – Responsável pela defesa do mensaleiro José Genoino Neto, o criminalista Luiz Fernando Pacheco exibiu evidente nervosismo durante sustentação oral que fez na tarde desta quinta-feira (20) no plenário do Supremo Tribunal Federal. Diante dos ministros da Corte, Pacheco tentou defender seu cliente da acusação de formação de quadrilha, tema que está sob análise por conta dos embargos infringentes apresentados durante a fase recursal da Ação Penal 470, cujo cardápio foi o Mensalão do PT, o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história nacional.
Com as mãos tremulas e excedendo no volume da voz, Luiz Fernando Pacheco acabou esquecendo Genoino e defendeu o Partido dos Trabalhadores, não sem antes fazer apologia à eventual reeleição da presidente Dilma Rousseff, com base nos dados de recente pesquisa de opinião. Pacheco disse que a aprovação do modus operandi do PT se consumou com a reeleição de Lula e a eleição de Dilma, mas o advogado não levou em consideração que isso só foi possível na esteira do populismo barato que permeia as esmolas sociais materializadas em bolsas e da decisão dos palacianos de empurrar os brasileiros na vala do consumismo, todos atraídos pela armadilha do crédito fácil.
Se o objetivo de Luiz Fernando Pacheco era convencer os ministros do STF sobre a inexistência de quadrilha no caso do Mensalão do PT, a tentativa, que abusou do gestual, foi um sonoro fracasso. A fala de Pacheco deixou a desejar e nem mesmo na visão dos mais otimistas foi capaz de mudar a opinião dos magistrados que estão convencidos sobre a prática, pelos mensaleiros, do crime previsto no artigo 288 do Código Penal (formação de quadrilha ou bando).
No momento em que fez a defesa do PT, não do seu cliente, o advogado acabou deixando escapar uma visão deturpada acerca da maneira como o Partido dos Trabalhadores vem conduzindo os destinos do País. Somente um desavisado seria capaz de acreditar que Lula, logo no começo do seu primeiro governo, conquistou a unanimidade no Congresso Nacional à base do discurso fácil e embusteiro que todos conhecem. Ademais, o esquema do Mensalão do PT foi substituído, após a descoberta do esquema, por outro semelhante e que está em vigência: o loteamento da Esplanada dos Ministérios.
A depender do palavrório do criminalista, o mensaleiro e dublê de cardiopata José Genoino poderá ter a pena de prisão aumentada, pois os ministros certamente não estão interessados na opinião de Pacheco sobre os índices de aprovação do desgoverno de Dilma Rousseff, que, diga-se de passagem, está empacado desde as manifestações populares de 2013.
A única explicação para tal postura na mais alta instância do Judiciário é a possibilidade de Pacheco estar enxergando no PT uma fonte inesgotável de trabalho. Enfim…