Tempo quente – No Brasil não importa qual seja o partido político de um governante, pois a culpa é sempre da imprensa quando algo dá errado. Vivendo um momento de dualidade na seara das pesquisas de opinião, a presidente Dilma Rousseff disse, em Bruxelas, que não há “conflitos” entre ela e o seu antecessor, o lobista Luiz Inácio da Silva.
Dilma foi questionada, durante entrevista, sobre informações veiculadas na imprensa sobre eventuais críticas de Lula à ação do governo nas áreas políticas e econômica. “Acho que vocês podem tentar de todas as formas criar qualquer conflito ou qualquer barulho, ou ruído, entre mim e o presidente Lula que vocês não vão conseguir. Então, o meu comentário é o seguinte: perfeitamente, a imprensa é livre e tem direito de expressão, mas eu e o presidente Lula não temos conflito, não temos divergências passíveis, a não ser as normais”, disse a presidente na segunda-feira (24).
Se algo foi publicado na imprensa nacional sobre uma suposta rusga entre Dilma e Lula, por certo a informação saiu de dentro do Partido dos Trabalhadores, onde são muitos os descontentes com a presidente da República, que tem um jeito nada diplomático de se relacionar.
Dilma sabe que é refém do ex-presidente Lula, o maior expoente do PT, assim como o seu governo sofre forte e declarada ingerência por parte do ex-metalúrgico. E não enxerga esse cenário quem sofre de miopia política. A zona de conflito entre ambos é tão declarada, que petistas estrelados falam abertamente sobre o assunto. Há dias, em um badalado restaurante da capital paulista, o deputado federal Cândido Vaccarezza disse que os “companheiros” estão cansados de Dilma. O que explica o movimento “Volta Lula”, que muitos dos integrantes da turma do “abafa” negam.
Lula, por sua vez, tem reforçado o seu discurso de candidato nas muitas incursões políticas que tem feito nas últimas semanas, dentro e fora do País. Em recente encontro com pesos-pesados da economia nacional, Lula tentou, sem muito sucesso, angariar fundos para a campanha de sua pupila, mas não foi bem recebido. Os empresários, contrariados, disseram que abririam os cofres, mas deixaram a responsabilidade nas mãos do ex-presidente.
Se a relação entre Lula e Dilma fosse excelente, como tenta mostrar a presidente, o Palácio do Planalto não teria montado às pressas um movimento itinerante de ministros, que a partir dos próximos dias, até as eleições, visitarão regularmente a Câmara dos Deputados, onde uma rebelião de políticos aliados já começa a assustar os palacianos. Para conter essa intifada bastava um telefonema de Lula para uma dúzia de deputados federais. Se isso não aconteceu, algo de errado há nos bastidores do poder.
Ademais, essa movimentação repentina do staff presidencial para conter os descontentes n Congresso Nacional mostra que as pesquisas de opinião têm prazo de validade absolutamente curto e confiabilidade questionável. Enfim…