Todo cuidado é pouco – Mais importante estado da federação, São Paulo vive uma grave crise no abastecimento de água em razão da surpreendente e teimosa estiagem, como tem noticiado a imprensa nacional, mas o tema pode acabar em cima dos palanques que começam a se armar.
Na terça-feira (18), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aterrissou em Brasília para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, a quem apresentou proposta emergencial que prevê a captação de água do rio Paraíba do Sul para abastecer o sistema Cantareira, responsável pela maior parte do abastecimento de água na capital paulista. Como o Paraíba do Sul é um rio interestadual, que abastece o Rio de Janeiro, a captação depende de autorização da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão do governo federal.
Como se sabe, Dilma é simultaneamente inábil e autoritária, mas não deixa de exibir o seu viés oportunista. Considerando que uma ordem presidencial ninguém descumpre, a autorização para a captação de água no rio Paraíba do Sul pode até ser concedida em breve, mas virá acompanhada de alguma armadilha político-eleitoral.
Há muito o PT sonha em desembarcar de mala e cuia no Palácio dos Bandeirantes, por isso não causará surpresa se Dilma Rousseff aparecer em algum filmete palaciano e a bordo do messiânico discurso de que impediu que os paulistas morressem de sede.
Por certo surgirão pessoas para acusar este site de teoria da conspiração, mas não podem ser esquecidos pelo menos dois fatores. O primeiro deles é que o PT desconhece o que é ética e por isso jogará sujo diante da oportunidade que surge no horizonte. O segundo fator é que o PT começa a perceber a dificuldade de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, decolar como candidato.
Ilustre desconhecido entre o eleitorado paulista, Padilha, que fez uma pífia administração no Ministério da Saúde, foi escolhido pelo presidente Lula para concorrer ao governo paulista. E a questão da captação de água no rio Paraíba do Sul pode ser o trampolim que faltava para Padilha.
Em relação a Geraldo Alckmin, o pedido é lógico é procedente, mas isso só poderia ser considerado se o Brasil fosse um país de políticos responsáveis e idôneos. Tendo sobre a escrivaninha um projeto totalitarista de poder, que avança perigosamente todos os dias, o PT não perderá a chance de se apresentar ao eleitor de São Paulo como o salvador da pátria.
É fato que Alckmin não tinha opção diante da grave estiagem que persiste, mas é preciso cuidado com os desdobramentos do pedido feito a Dilma Rousseff, que já deu mostras de sua competência quando o assunto é jogo sujo e rasteiro.