É preciso coragem – Governador do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral Filho voou para Brasília na manhã desta sexta-feira (21) para pedir à presidente Dilma Rousseff o envio de tropas federais ao estado com o objetivo de auxiliar no combate aos criminosos que têm protagonizado tiroteios em comunidades carentes em que foram instaladas as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
A decisão de Cabral Filho surgiu após a troca de tiros entre traficantes e policiais militares no Complexo de Manguinhos, no começo da noite de quinta-feira (20), quando co comandante da UPO local foi atingido na perna. É importante salientar que o envio de tropas federais ao Rio de Janeiro dificilmente mudará o cenário de insegurança que toma conta de uma das maiores e mais importantes cidades brasileiras, que será palco da final da Copa do Mundo e abrigará os Jogos Olímpicos de 2016.
O contingente policial do Rio de Janeiro é mais do que suficiente para enfrentar o crime organizado, mas qualquer ação de combate aos criminosos torna-se inócua se o governo federal não assumir, de uma vez por todas, a obrigação de patrulhar as fronteiras, por onde passam toneladas de drogas e armamentos diariamente.
Enquanto os ocupantes do Palácio do Planalto fingem ignorar o que acontece nas fronteiras, o crime organizado se fortalece cada vez mais nas grandes metrópoles do País, proporcionando à população carente aquilo que o Estado não consegue fornecer por conta da burocracia oficial e dos orçamentos engessados.
De nada adianta ocupar regiões carentes sem investir no desenvolvimento social da região. Quando a parte social é deixada de lado depois da ocupação – ou é vítima da lentidão dos governantes – os criminosos ganham terreno e passam a ocupar o lugar do Estado. Ademais, a legislação vigente no País é frouxa com os criminosos, que agem com ousadia crescente apenas porque apostam na impunidade.
No momento em que pede socorro à presidente da República, Sérgio Cabral simplesmente ignora a capacidade de ação das corporações policiais do Rio de Janeiro, que seguirão a rota da excelência em movimento de ascensão quando seus integrantes forem remunerados de forma condizente e digna. Não se pode querer que um policial mal remunerado não se renda às ofertas espúrias dos criminosos.
No encontro com a presidente, Cabral Filho deveria cobrar da petista uma maior responsabilidade do governo federal em relação ao combate ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas, o que não acontece por questões ideológicas, pois alguns companheiros da esquerda latino-americana sobrevivem desses crimes. É o caso, por exemplo, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), integrante do malfadado Foro de São Paulo, que tem sua sobrevivência diretamente ligada ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas.
No âmbito do tráfico de entorpecentes está a Bolívia, que sob a batuta do índio cocalero Evo Morales elevou a produção anual de pasta base de cocaína de 25 para 300 toneladas, sendo que o principal mercado dos traficantes bolivianos é o Brasil. O cenário da produção de drogas na Bolívia é tão estarrecedor, que os traficantes têm pressionado Evo Morales a mudar a Constituição do país para ter direito a nova reeleição. Até porque, sob a proteção do presidente os criminosos bolivianos estão enriquecendo de forma meteórica.
Enquanto o governo federal finge que nada acontece nas fronteiras verde-louras e nos países vizinhos, duas das principais facções criminosas brasileiras já operam em território boliviano. Decisão que eliminou os intermediários no momento da aquisição de drogas como cocaína e crack.