“Primeiro, fez-se um péssimo negócio para comprar uma refinaria sucateada, desatualizada tecnologicamente em Pasadena por um preço absurdo; vemos agora que a decisão foi agravada por mais incompetência da então presidente do Conselho da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff”. Assim reagiu o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), à informação de que o prejuízo poderia ter sido minimizado em US$ 170 milhões, caso a estatal não tivesse se lançado na disputa judicial com a sócia belga Astra Oil.
Esse dado foi repassado pelo diretor de Energia e Gás da Petrobras na época da transação, Ildo Sauer. Segundo ele, Dilma fez questão de optar pela disputa judicial e não aceitou acordo na Câmara Internacional de Arbitragem com a Astra. Por orientação da petista, o conselho mandou a questão para a Justiça, onde a Petrobras foi derrotada, elevando o prejuízo total na refinaria de Pasadena, no estado norte-americano do Texas, para US$ 1,190 milhão, de acordo com Sauer. Rubens Bueno afirma que cada vez mais a CPI mista se faz necessária.
“Precisamos investigar esse negócio pra lá de suspeito na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que tem instrumentos para isso”, insistiu, ao falar, neste domingo, sobre as declarações de Sauer. “Já que havia feito uma compra desastrosa para a estatal brasileira, a presidente do Conselho de Administração na época – a então ministra Dilma Rousseff – deveria ter pensado em diminuir o tamanho do prejuízo, não em agravá-lo. A cada revelação, a transação da empresa em Pasadena se torna mais escabrosa”, observou.
Rubens Bueno afirmou que é preciso saber o porquê “de toda essa situação que levou a Petrobras a tamanho prejuízo”. Por isso, insistiu, “a necessidade premente da CPI, para o bem da estatal, do Brasil e da transparência no trato com os bens públicos”.
Histórico da confusão
Em 2006, a Petrobras adquiriu 50% da refinaria em Pasadena por RS$ 360 milhões. Dois anos antes, a empresa fora comprada, integralmente, pela belga Astra Oil por US$ 42,5 milhões. Após ser obrigada, na Justiça, a pagar pela parte da sócia, a estatal gastou mais US$ 840 milhões.
A Petrobras perdeu a briga na Justiça porque no contrato havia a cláusula “Put Option”, que a obrigava a comprar a metade pertencente à Astra. Na última semana, a presidente Dilma, Rousseff informou em nota, na qual respondeu ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que desconhecia esse importante detalhe quando avalizou o negócio.
O ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, afirmou, no entanto, que esse é um acerto usual nos contratos firmados pela companhia. Na compra da refinaria japonesa Nansei Sekiyu, em 2007, a “Put Option” fez parte do contrato.