Azarão com trapalhão – Quem conhece os bastidores da política sabe que um mandato parlamentar torna-se inócuo se o eleito escolher assessores errados ou desprovidos de competência. A atividade política no Brasil, assim como no restante do planeta, é uma competição constante, na qual sobrevivem aqueles que conhecem a regra do jogo. E nessa disputa é importante que aquele que joga se valha do conhecimento e da competência de um bom chefe de gabinete, sem o qual nada acontece.
Nesse processo de escolha de um chefe de gabinete o parlamentar deve levar em conta muitos quesitos, entre eles o fato de o escolhido ser ou não pé frio. É recomendável que sejam descartados os considerados catalisadores de coisas ruins. É o caso do deputado federal André Vargas, do PT do Paraná, que até o começo da tarde desta segunda-feira (7) tinha como braço direito Lourimar Rabelo, que por alimentar o sonho de ser deputado de fato passou a ser conhecido na Câmara pela alcunha de “514” (513 deputados + 1).
Servidor concursado da Câmara, Rabelo vinha aconselhando André Vargas na tomada de decisões em relação ao escândalo revelado pela Polícia Federal, à medida que surgiam novos detalhes do envolvimento do petista com o doleiro Alberto Youssef, preso na esteira da Operação Lava-Jato. Durante as investigações, a PF acabou identificando a participação de Vargas e Youssef em um contrato milionário e suspeito com o Ministério da Saúde.
Com a licença de Vargas, o sonho de Lourimar Rabelo de chegar à Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara foi pelos ares. Isso porque o deputado paranaense era cotado para ser o próximo presidente da Casa legislativa, plano que foi implodido pelo olho grande e criminoso que marca muitos mandatos parlamentares.
Não se pode afirmar que Lourimar seja desprovido de competência no exercício da chefia de um gabinete parlamentar, mas não erra aquele que afirma que o servidor é pé frio. Lourimar Rabelo já assessorou o também petista Cândido Vaccarezza, deputado federal por São Paulo e que um dia sonhou em chegar à presidência da Casa. Sob a orientação do então chefe de gabinete, Vaccareza concedeu uma estabanada entrevista a uma revista semanal, o que lhe rendeu o fim do sonho de comandar a Câmara dos Deputados. Na ocasião, a disputa pela presidência da Câmara foi vencida pelo petista gaúcho Marco Maia, que no cargo teve um desempenho altamente questionável.
Pela segunda vez em poucos anos, Lourival Rabelo nadou muito para morrer na praia. Afinal, sonhou em chegar à Secretaria-Geral da Mesa pegando carona com Vaccarezza e André Vargas, mas ambos fracassaram em suas respectivas empreitadas. Isso mostra que os gabinetes da Câmara dos Deputados deveriam contar com os serviços de uma benzedeira ou de um pai de santo, e, porque não, ter à disposição uma banheira para sessões de descarrego com direito a sal grosso, charutos, alfazema e outros ingredientes mais. Saravá, porque o 514 anda solto!