Fila do abate – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (9), instaurar processo disciplinar para apurar a conduta do petista André Vargas (PR), vice-presidente da Casa, na esteira das denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal por suspeita durante a Operação Lava-Jato. Presença obrigatória em nove entre dez escândalos de corrupção no País, Youssef é acusado de comandar um esquema criminoso de lavagem de dinheiro que teria movimentado mais de R$ 10 bilhões.
Com a instauração do processo, o Conselho de Ética terá de investigar se de fato houve quebra de decoro parlamentar por parte de Vargas. Dependendo da decisão do colegiado, o petista pode ter o mandato cassado por decisão do plenário da Câmara.
O referido processo resultou de representação apresentada pelos partidos de oposição. PSDB, Democratas e PPS requereram investigação com base no fato de André Vargas ter viajado com a família em jatinho alugado pelo doleiro Alberto Youssef.
Integrante da tropa de choque de André Vargas, o deputado federal Zé Geraldo (PT-PA) tentou evitar a abertura do processo no Conselho de Ética, apresentando questão de ordem, em que argumentava a ausência de provas contra o colega de legenda, o que, na visão do petista, impede o Conselho de analisar o caso antes da Corregedoria da Câmara, que recebeu representação do PSOL com o mesmo objetivo.
Após intensa discussão entre os parlamentares presentes à sessão, o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar Jr. (PSD-SP), rechaçou o pedido do petista Zé Geraldo sem submetê-lo a votação. Geraldo afirmou que apresentará recurso à Presidência da Câmara em favor da questão de ordem.
Com a instauração do processo no Conselho de Ética, André Vargas perde a oportunidade de renunciar ao mandato, como queriam a bancada petista e a cúpula do partido. Até mesmo o malandro Lula tentou convencer Vargas a renunciar, mas sua incursão foi mal sucedida. Com esse cenário, André Vargas corre o sério risco de ter o mandato cassado, uma vez que o PT decidiu atirá-lo aos leões para desviar a atenção da opinião pública, cada vez mais indignada com a usina de escândalos de corrupção em que se transformou o governo federal.