Efeito cascata – As ligações criminosas entre o petista André Vargas e o doleiro Alberto Youssef (à direita na foto) têm registro policial desde 1999. O doleiro e o deputado foram protagonistas de um escândalo de corrupção no Paraná e desde então respondem na Justiça pelo feito. Trata-se do caso AMA/Comurb, o maior escândalo de corrupção da história de Londrina, reduto político-eleitoral de Vargas. Pelo menos R$ 14 milhões, em valores da época, foram desviados da prefeitura por meio de licitações fraudulentas.
Parte desse dinheiro passou pela lavanderia de Youssef e, através de André Vargas, desembocou no caixa da campanha do atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva , marido de Gleisi Hoffmann e que à época disputava uma vaga de deputado federal pelo PT. Na ocasião, Vargas era coordenador da campanha de Bernardo, assim como agora coordena a campanha de Gleisi ao governo do Paraná.
O dinheiro saiu dos cofres municipais de Londrina e, pelo menos, R$ 120 mil acabaram no esquema de Youssef, e R$ 10 mil aterrissaram no bolso de André Vargas, de acordo com o Ministério Público do Paraná. Então militante do PT, Vargas coordenava as campanhas locais do partido, como aconteceu com a de Paulo Bernardo à Câmara dos Deputados. Para a Promotoria, o dinheiro abasteceu essas campanhas e foi “lavado” por Youssef em uma conta bancária fantasma.
“[Vargas e Youssef] Receberam dinheiro na mesma ocasião, fruto do mesmo desvio, no mesmo dia. Estão ligados ao mesmo núcleo do caso”, afirma o promotor Cláudio Esteves de Londrina, que esteve a frente das investigações do caso AMA/Comurb.
Preso desde o último dia 17 de março, o doleiro é apontado pela Polícia Federal como um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões, segundo apontam as investigações da Operação Lava-Jato.
No PT, o caso Vargas-Youssef-Paulo Bernardo provoca pânico generalizado. É consenso entre os petistas que Vargas precisa ser ejetado da Câmara o quanto antes, pois do contrário inviabilizará a candidatura do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, escolhido por Lula para disputar o governo de São Paulo. Isso porque sem o aval de Padilha a negociata com o laboratório Labogen jamais prosperaria.
No contraponto, se deixar a Câmara enfurecido e contrariado, André Vargas poderá contar o que sabe e implodir a candidatura de Gleisi Hoffmann no Paraná. O PT terá de lançar mão de doses extras de diplomacia e estratégia, pois a essa altura dos escândalos o mais prudente é não irritar um homem-bomba.