Sinal de desespero – Nas muitas reuniões realizadas nos bastidores da crise, a cúpula do PT tomou algumas decisões radicais para conter os efeitos colaterais do escândalo em que o petista André Vargas (PR) divide a cena com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.
Acusado pela PF de manter estreitas e criminosas ligações com o doleiro, Vargas licenciou-se do mandato de deputado federal pelo período de sessenta dias, alegando que precisava de tempo para se defender, mas seu retorno ao parlamento pode acontecer em breve, mais precisamente após o feriado prolongado da Semana Santa.
Além de se afastar temporariamente do mandato, algo previsto no regimento interno da Câmara dos Deputados, André Vargas renunciou à vice-presidência da Casa, ato que ainda não foi oficializado. Isso significa que André Vargas poderá, inclusive, reassumir o cargo, jogando, por enquanto, água fria na disputa intestina que já toma conta do PT. Apesar das conjecturas que rondam o caso, Vargas deverá renunciar oficialmente à vice-presidência ao retornar à Câmara, informou sua assessoria.
Nas redes sociais, André Vargas tem garantido que de “cabeça erguida” provará sua inocência. Algo difícil diante das incontestáveis provas recolhidas pela Polícia Federal. O petista paranaense não tem estrutura emocional para suportar a pressão de um escândalo de grandes proporções, como é o em questão, mas a sua repentina teimosia pode ser fruto da decisão tomada pela cúpula do partido, que nos últimos meses vem sangrando por causa dos muitos imbróglios que não param de surgir.
A fritura de André Vargas, como já noticiou o ucho.info, foi um recado do Palácio do Planalto ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva e aos defensores do movimento “Volta Lula”, que vem ganhando força e do qual o parceiro do doleiro Alberto Youssef é um conhecido entusiasta.
Acontece que chama palaciana do fogo amigo saiu do controle e acabou provocando estragos muito maiores do que imaginavam os palacianos que tentam salvar o projeto de reeleição de Dilma Rousseff, que nas coxias do poder vem travando uma ferrenha queda de braços com o antecessor, apesar de ambos afirmarem, diante de câmeras e microfones, que estão unidos em torno de único objetivo: vencer nas urnas de outubro próximo. Além disso, o calvário de Vargas já provoca reflexos nas campanhas dos companheiros Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha, candidatos do PT aos governos do Paraná e de São Paulo, respectivamente.
Ou seja, Vargas terá de enfrentar o sacrifício, mesmo que ao final seja alvejado pela perda do mandato, algo que já é dado como certo. A ideia do PT é que André Vargas sustente a tese de que é inocente até quando for possível, arrastando essa mentira até dias antes das eleições. Para colocar o plano em prática o partido apostará nos jogos da Copa, no recesso parlamentar e no período de campanha, quando a atividade parlamentar perde força.