Tiro livre – “Não seja bode expiatório; na CPI, o senhor vai ter que dizer a verdade, mesmo que seja para desmentir a presidente da República e dizer que ela foi uma presidente de conselho (da Petrobras) inepta, ou a responsabilidade será sua”, disse o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), dirigindo-se a Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, durante audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, nesta quarta-feira (16).
O cardápio da referida audiência pública foi a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, quando a presidente Dilma Rousseff comandava o conselho administrativo da estatal.
Dilma afirmou, em nota na qual tratou da compra da unidade – dirigida ao jornal O Estado de São Paulo -, que o relatório elaborado por Cerveró e que embasou a decisão do conselho era “falho” e omitia cláusulas importantes que se revelaram contrárias aos interesses da companhia. O ex-diretor disse aos deputados que foi um bom negócio à época e que as tais cláusulas eram irrelevantes. Já Dilma salientou, conforme lembrou Freire, que, se soubesse dos termos omitidos, não autorizaria o negócio.
Roberto Freire alertou Cerveró ao afirmar que a CPI da Petrobras o esperaria e que lá seria necessário dizer a verdade. “O senhor não poderá fugir dos questionamentos, mesmo que eles tenham dimensão política”. O que a audiência na comissão mostrou, afirmou o deputado, foram contradições.
“Há um cipoal de contradições nesse negócio que alguns acham que foi bom e que eu vejo como uma negociata. O problema grave é que essa dicotomia existe no seio do governo e da Petrobras. A gestão Lula-Gabrielli avalia como grande negócio. Mas Dilma diz que se soubesse de tudo o que o senhor (Cerveró) tinha a obrigação e a responsabilidade funcional de dizer não autorizaria o negócio porque ele não atendia ao interesse nacional”, completou o presidente do PPS.
Freire ressaltou que a presidente da Petrobras, Graça Foster, declarou, no Senado, que a aquisição da refinaria nos Estados Unidos não poderia ser considerada um bom negócio.
Na CPI, advertiu Freire, caso não responda com a verdade aos questionamentos que lhe serão formulados, Nestor Cerveró poderá ser responsabilizado pelo caso Pasadena. “Eu o alerto: não seja bode expiatório. Olhe seus filhos, sua família que está aqui e saiba que o senhor terá que dizer a verdade”, insistiu.