Fio trocado – Certa feita, alguém creditou erroneamente a Charles de Gaulle a frase “O Brasil não é um país sério”. Independentemente de quem seja o autor da mesma, nada teria radiografado de forma tão precisa e antecipada um país que é uma eterna barafunda. E a situação piora a cada dia com as medidas estapafúrdias tomadas pelos políticos nativos.
Na quinta-feira (17), a presidente Dilma Vana Rousseff, que não esconde ser uma refém do PT e de Lula, apesar das figadais brigas nos bastidores, indicou o criminalista Alberto Zacharias Toron para o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
Toron, que assumirá a vaga na classe jurista, é um jurista que sempre busca os holofotes e recentemente defendeu o mensaleiro petista João Paulo Cunha na Ação Penal 470, que mirou o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história nacional: o Mensalão do PT. Em seu vasto currículo como criminalista, Alberto Zacharias Toron atuou como defensor de Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, e João Carlos da Rocha Mattos, este último flagrado na Operação Anaconda, da Polícia Federal, em criminoso esquema de venda de sentenças judiciais.
É fato que o crime cometido por um acusado não compromete o currículo do seu defensor, mas há no mais importante estado da federação, São Paulo, dezenas de advogados com cabedal para assumir uma vaga no Tribunal Regional Eleitoral. No momento em que o governo petista está sob a metralhadora da opinião pública por causa dos muitos desmandos e casos de corrupção, nomear o defensor de um mensaleiro para cargo no TRE-SP no mínimo soa estranho.
Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Toron declarou que não se vê impedido de atuar em causas eleitorais. “O fato de tê-lo [João Paulo Cunha] defendido pesou contra mim, porque poderia levantar a tese de que seria nomeado em razão disso. Foi necessário mostrar que atuei em outras causas e defendi pessoas de outros espectros políticos”, declarou o criminalista.
O mais estranho nessa nomeação, anunciada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que é uma aberração do mundo jurídico nacional, é que Dilma indicou um criminalista para tratar de questões eleitorais. Algo parecido como escalar um pediatra para realizar cirurgia de retirada de tumor no cérebro. Enfim, restar aguardar para saber qual lambança eleitoral aterrissará na escrivaninha de Alberto Zacharias Toron.