Mínimos detalhes – Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara dos Deputados, protocolará, nesta segunda-feira (28), pedido de informações à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) sobre a saúde financeira da Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social), controlada por sindicalistas do PT desde 2003. A Previc é o órgão responsável pela fiscalização nos fundos de pensão.
De acordo com reportagem do jornal O Globo publicada no domingo (27), por causa de ingerência política do PT o fundo amarga déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários, além de um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de administração de planos de outras categorias.
“A ação do PT é inversa à de Midas; onde ele coloca as mãos, as coisas desandam, por causa da má gestão e principalmente pelo DNA da corrupção que ele carrega”, disse Rubens Bueno. O líder informou que questionará, no requerimento, a origem dos déficits e a capacidade financeira da Petros para pagar aposentadorias a seus beneficiários, dentre outras informações.
Bueno criticou o aparelhamento promovido pelo PT não apenas na Petros, mas também em todo o governo. “Esse aparelhamento se dá ainda na Petrobras, na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e sem nenhum pudor”, acrescentou o parlamentar. “Por causa dessa prática do PT, assistimos, há anos, seríssimos prejuízos a categorias de trabalhadores, a estatais e ao Brasil como um todo”.
Na avaliação de Rubens Bueno, a Petros “foi vítima da as sanha predatória do braço sindical do PT, com a anuência criminosa dos gestores da Petrobras, através de sua representação no conselho deliberativo do fundo”.
Contas rejeitadas
Em dez anos, foi a primeira vez que as contas da Petros foram rejeitadas pela unanimidade do conselho fiscal do fundo. As razões foram o enorme déficit operacional e o rombo nas despesas apresentados após a ação do PT desde 2003 dentro da instituição.
O conselho deliberativo, cujos membros são indicados pela Petrobras, patrocinadora do fundo, vem aprovando as contas mesmo com o parecer contrário do conselho fiscal. Agora, conselheiros descontentes com as decisões foram a Brasília pedir providências à Previc, como maior fiscalização nas contas do fundo.
Os conselheiros eleitos pelos funcionários da Petrobras vêm rejeitando os resultados dos investimentos da Petros no conselho fiscal há uma década. Entretanto, as contas sempre são aprovadas pelo conselho deliberativo, que é superior e cujo presidente é indicado pela Petrobras. Para piorar a situação, um dos representantes dos funcionários, dirigente da Federação Única dos Petroleiros, filiada à CUT, vota a favor do presidente do conselho. O conselho conta com seis conselheiros, três eleitos pelos funcionários e os demais indicados pela Petrobras.
Ocultismo financeiro
A Petros aplicou pelo menos R$ 1 bilhão no banco BVA, instituição financeira que está em processo de liquidação desde meados de 2013. Fora isso, a Fundação tem mais de R$ 700 milhões aplicados em fundos de investimentos da gestora do banco, o Vitoria Asset Management. Como se não bastasse, a Petros financiou diretamente acionistas da instituição, que estão sendo cobrados na Justiça, e ainda empresas ligadas ao banco, que alegam ter sido vítimas de empréstimos falsos.
Conforme revelou o jornal “O Estado de S. Paulo” na edição do último sábado (26), o BVA gerou um rombo de R$ 8 bilhões, no banco e nos fundos, com os empréstimos que concedeu em apenas três anos. As dívidas estão sendo executadas ou renegociadas para se tentar reduzir o prejuízo, mas alguns casos podem se estender por longos anos na Justiça.
É o caso de um empréstimo de R$ 100 milhões feito pela Petros à empresa de call center Vidax Teleserviços, de Mogi das Cruzes, por intermédio do banco BVA. Desde março de 2013, o fundo tenta executar a dívida, mas a Vidax alega que só recebeu metade do dinheiro, o que impossibilitou suas operações e a fez fechar as portas no fim de 2012, demitindo quase 30 mil funcionários.
De acordo com a história relatada pela Vidax no processo, a empresa estava em dificuldades financeiras desde 2008, mas vinha sendo auxiliada pelo BVA. O banco concedia empréstimos sob a condição de pagamentos de comissões de até 25% do total do financiamento. A empresa alega ainda que o banco tornou-se efetivamente sócio da companhia.