Memória curta – Quando o ucho.info afirma que boa parte da imprensa brasileira é preguiçosa e passa a maior parte do tempo buscando um escândalo para estampar as capas de jornais e revistas, o não o faz para criar polêmica, mas apenas e tão somente para mostrar a realidade e alertar a população diante do perigo que nos ronda. O exercício do jornalismo vai muito além da obsessão por prêmios ou a produção de reportagens bombásticas, mas que têm vida útil extremamente curta. A essência do jornalismo não está em um texto bem escrito – com começo, meio e fim –, mas na contínua vigilância do Estado e seus Poderes. Sem isso, o Estado torna-se voraz diante da posição indefesa do cidadão.
Sob o manto do PT, o Brasil tornou-se uma incansável catapulta de escândalos de corrupção, sendo que os corruptos, mesmo depois de flagrados com a mão na botija, insistem em alegar inocência. Até atrás das grades esses alarifes tentam exalar a falsa inocência, como se a massa cinzenta de parte da população não funcionasse. Tal situação só encontra eco porque a imprensa, que deveria combater de forma ininterrupta esses marginais, muda o foco com a mesma facilidade com que uma mulher de lupanar muda de cliente.
Na quarta-feira, 30 de abril, dezenas de milhares dos brasileiros correram contra o relógio para entregar à Receita Federal as respectivas declarações de renda referentes ao exercício de 2013. O prazo terminou às 23h59 da quarta-feira, sendo que aqueles que não entregaram a malfadada declaração terão de pagar multa.
Por imposição da lei, os cidadãos são obrigados a informar à Receita Federal os ganhos do ano anterior, o que para muitos parece ser uma punição. Contundo, nesse país que avança à sombra do “faz de conta” há situações absolutamente incompreensíveis.
Quem ganha seu dinheiro honestamente e não o declara é penalizado. Assim funciona uma sociedade dita organizada, sempre debaixo dos ditames de um governo que supostamente é competente na hora de aplicar o dinheiro proveniente dos impostos.
Quem ganha o vil metal de forma pouco ortodoxa não é punido, correndo o risco mínimo de, quem sabe, acabar contemplando o nascer do astro-rei de forma geometricamente distinta da convencional. Mas isso acontece vez ou outra.
Na última década, o Brasil passou por um perigoso processo de transformação e agora é o paraíso da impunidade. Nos últimos tempos, a exceção foi o julgamento da Ação Penal 470, que mandou para a cadeia os malandros que protagonizaram o Mensalão do PT.
Conectando a reta final para a declaração do Imposto de Renda com o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história do País, cabe ao ucho.info perguntar onde está a grande imprensa, sempre incensada por uns e outros, que já não cobra do Judiciário uma ação mais dura para identificar os doadores que ajudaram os mensaleiros a pagar as multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Na esteira desse truque foram beneficiados vários mensaleiros, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, entre outros. Bastou meia dúzia de políticos petistas classificar como absurdo o questionamento do STF sobre a origem do dinheiro para que o assunto caísse na vala do esquecimento.
Em qualquer país com doses mínimas de seriedade, esses tais doadores já teriam sido identificados e estariam debaixo de forte investigação, pois ficou evidente que as doações inominadas esconderam um novo crime de lavagem de dinheiro. Até quando o Brasil aceitará essas situações esdrúxulas que atentam contra a lógica? Até quando a imprensa nacional agirá de maneira pífia e obediente? Ou será que a boa imprensa é aquela que sempre traz um escândalo novo a cada dia?