Fila do abate – A Câmara dos Deputados deu prazo até quarta-feira (7) para que o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) receba a notificação para se defender da denúncia, apresentada pela bancada do PPS, de quebra de decoro por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela da Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Caso o parlamentar não seja encontrado, a Corregedoria da Câmara publicará comunicado no Diário Oficial da Casa dando o prazo de cinco sessões para que Argôlo apresente sua defesa.
O ultimato foi decidido nesta terça-feira (6), após o líder do PPS, deputado federal Rubens Bueno (PR), cobrar, durante reunião de líderes, o início imediato das investigações. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que a apuração do caso interessa a toda a Casa legislativa.
O pedido de investigação foi apresentado pelo líder do PPS no dia 23 de abril. “Já se passaram 13 dias e nada da investigação iniciar. O deputado deveria ser o principal interessado na apuração, onde vai ter amplo direito de defesa, mas está se escondendo. Isso pega muito mal para ele e para todo o Parlamento. Por isso fomos cobrar uma posição da Mesa e agora temos esse prazo definido”, afirmou Rubens Bueno.
Bueno explicou ainda que, após a notificação, haverá prazo de 45 dias para a investigação, período em que podem ocorrer depoimentos, diligências e coleta de provas. Passada essa fase, o parecer da corregedoria é entregue à Mesa da Câmara. Se for configurada quebra de decoro, com pena que varia de advertência até cassação de mandato, a Mesa pode encaminhar o caso ao Conselho de Ética para a devida abertura de processo.
Novas denúncias
Inicialmente, a ligação de Luiz Argôlo com Yousseff envolvia a troca de mensagens sobre um encontro no apartamento do parlamentar, em Brasília, e um suposto repasse de R$ 120 mil para o chefe de gabinete de Argôlo.
Nesta terça-feira, o jornal Folha de S. Paulo trouxe novas mensagens interceptadas pela Polícia Federal que indicam que Argôlo pediu que o doleiro lhe conseguisse R$ 110 mil para comprar dois caminhões lotados de bezerros. Segundo a PF, o deputado passa a Alberto Youssef a conta bancária de uma pessoa, de uma empresa e pede que a remessa seja feita em dois depósitos distintos: um de R$ 50 mil e outro de R$ 60 mil. O comerciante citado confirma que negociou o gado.
“O deputado não se explica e a cada dia surgem novas denúncias. Por isso é necessário o início imediato das investigações. Nosso objetivo não é perseguir ninguém, mas esclarecer a situação, assim como exigimos no caso do ex-vice-presidente da Casa, deputado André Vargas”, disse Rubens Bueno.
O amor é lindo
No inquérito da Operação Lava-jato, a PF transcreve uma “romântica” troca de mensagens entre o deputado federal Luiz Argôlo e o doleiro Alberto Youssef. O conteúdo da “conversa”, interceptada às 8h33 do dia 28 de fevereiro deste ano, foi divulgado pelo jornalista Feliope Patury. Confira abaixo a transcrição da troca de mensagens.
Argôlo: Bom dia.
Youssef: Bom dia.
Argôlo: Você sabe que tenho um carinho por vc e é muito especial.
Youssef: Eu idem.
Argôlo: Queria ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.
Youssef: Eu amo você também. Muitoooooooooo<3
Argôlo: Sinto isso. E aí já melhorou?? Melhorou???
Argôlo: Por favor me diga alguma coisa.