Contra o relógio – Em 30 de outubro de 2007, minutos depois do anúncio da FIFA de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o ucho.info afirmou que a decisão foi um equívoco da entidade máxima do futebol planetário e uma irresponsabilidade do governo do então presidente Lula. Por questões óbvias, o site e seu editor foram alvo de críticas e xingamentos, mas era preciso dar tempo ao tempo, pois este é o senhor da razão.
Que o Brasil não tinha condições – e ainda não tem – de realizar a Copa e que o País não precisava desse evento todos acabaram descobrindo tarde demais, mas a lambança está feita e a ordem do momento é esperar a competição passar para ver o que há de acontecer.
O cronograma das obras está escandalosamente atrasado, a ponto de que algumas delas só serão finalizadas após a Copa. O pior nesse caótico cenário é que faltando um mês para o jogo de abertura, marcado para 12 de junho, alguns estádios ainda estão por acabar. No palco de abertura da Copa, o Itaquerão (foto abaixo), em São Paulo, a montagem das arquibancadas provisórias, que custarão ao Corinthians a bagatela de R$ 40 milhões, será finalizada quase em cima da hora. O que impedirá a realização de testes de segurança antes do jogo de abertura. Resta saber se o Corpo de Bombeiros liberará o estádio mesmo sem esse importante teste.
Situação semelhante acontece no Estádio José Pinheiro Borda, o Gigante da Beira-Rio, em Porto Alegre. De propriedade do S.C. Internacional, o velho Beira-Rio foi demolido antes da assinatura do contrato para a construção da nova arena. Isso fez com que o entulho produzido pela demolição ficasse abandonado no local onde surgiu o novo estádio.
A demora para a retirada do entulho está preocupando as autoridades gaúchas, pois no local existem pedras, pedaços de madeiras e outros objetos que poderão ser utilizados por manifestantes que prometem protestar durante a Copa do Mundo em todas as cidades-sede. Em eventuais manifestações na capital gaúcha, nas proximidades do Beira-Rio, o entulho será transformado em arma.
No local onde encontra-se o material oriundo da demolição do velho Beira-Rio será construído um estacionamento, de acordo com o projeto original. A grande questão é que até esta terça-feira (13) ninguém assumiu a responsabilidade pela retirada do entulho, operação que deve consumir uma boa quantidade de dinheiro, de acordo com o que apurou o ucho.info, pois será necessária um frota de caminhões para levar o material para outro local.
A construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, até agora não quis assumir o ônus da empreitada. A diretoria do Internacional, por sua vez, finge ignorar o assunto, como se a Copa do Mundo não estivesse batendo à porta. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), tem cobrado o Colorado e a empreiteira, mas até então só conseguiu contemplar um jogo de empurra. Há nesse imbróglio um detalhe que os envolvidos na construção do novo Beira-Rio não estão considerando: o estádio deverá ser entregue oficialmente à FIFA até 22 de maio, quando toda a obra deverá estar concluída, pelo menos em tese.