Artilharia pesada – A guerra entre PT e PMDB pelo direito a uma vaga no segundo turno contra o governador Beto Richa (PSDB), no Paraná, está cada vez mais acirrada. No tiroteio político que se formou, o PMDB acusa a senadora petista Gleisi Hoffmann de interesses escusos no projeto que exige a instalação de simuladores em autoescolas.
O PMDB de Roberto Requião resolveu abrir fogo contra a pré-candidata petista depois que ela deu sinais de fraqueza. Seu coordenador de campanha, André Vargas, foi acusado pela Polícia Federal de ser sócio do doleiro Alberto Youssef no laboratório-lavanderia Labogen. O marido de Gleisi, o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), é apontado como beneficiário de um esquema nebuloso envolvendo fornecedores da Petrobras.
A nova ofensiva, comandada por Requião, envolve uma denúncia grave. Em entrevista a um programa de televisão, o ex-deputado federal Marcelo Almeida (PMDB), cotado para sair candidato ao Senado na chapa a ser encabeçada por Requião, afirmou que a Casa Civil, na época comandada por Gleisi Hoffmann, tinha interesses no projeto de lei que obrigava o uso de simuladores de direção nas autoescolas de todo o País.
No PT a reação às denúncias de Marcelo Almeida foi marcada pela fúria. Além de prometer um completo dossiê sobre o ex-deputado, herdeiro do grupo CR Almeida e dono de algumas das mais lucrativas concessões de pedágio do Paraná, o PT pode retaliar os adversários divulgando fotos e a planta do apartamento que o senador Roberto Requião teria em Paris. Os petistas querem ver o senador explicar o que esse tipo de imóvel tem a ver com a repetitiva pregação do senador a respeito dos valores da Carta de Puebla, aquela da opção preferencial pelos pobres.
O estrago com relação aos simuladores, no entanto, está feito. Marcelo Almeida afirmou que três ou quatro empresas em todo o Brasil seriam beneficiadas e que houve um pedido da Casa Civil para aprovar a proposta. O ex-deputado conseguiu na CCJ da Câmara convencer os colegas sobre a inconstitucionalidade do projeto, que acabou não prosperando para desagrado da Casa Civil e do Palácio do Planalto.
Almeida, que considerou o projeto um “assalto contra os motoristas brasileiros”, explicou que se o negócio fosse aprovado movimentaria de imediato mais de R$ 360 milhões, haja vista a existência de 12 mil Centros de Formação de Condutores (CFC) em todo o País.