Jogo de empurra – Depois de ser obrigado a desistir da pré-candidatura à Presidência da República, o tucano José Serra bem que tentou embaralhar o campo do senador mineiro Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e escolhido pelo partido para participar da corrida ao Palácio do Planalto. Após submergir no cenário político, Serra retornou disposto a concorrer a algum cargo eletivo, sem definir se seu objetivo é a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal.
Independentemente da decisão, o ex-governador de São Paulo fez-se de desentendido quando aliados lançaram a informação de ele poderia ser o vice na chapa de Aécio Neves. Uma aposta sem chance de vingar, pois quem conhece minimamente de política sabe que Serra e Aécio não se bicam. Nesta segunda-feira (19), vencido final de semana de muitas especulações, José Serra negou a possibilidade de fazer dupla com o senador mineiro. Disse apenas que concorrerá à Câmara ou ao Senado.
Serra tem um bom currículo como administrador, mas pouco agrega à candidatura do PSDB, uma vez que é alto o seu índice de rejeição junto ao eleitorado nacional. Enquanto tucanos trocavam bicadas nos bastidores, o PSD, de Gilberto Kassab, correu por fora e avançou nas negociações com Aécio. Tanto é assim, que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, pode bater chapa com o senador de Minas Gerais.
Em termos políticos Meirelles não é um furacão, mas abre pelo menos três frentes para a candidatura presidencial do PSDB. A primeira delas é que promove mais uma deserção no grupo que vem apoiando o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Se o PSD desembarcar de vez do governo petista, deixando de lado a minúscula e inexpressiva Secretaria da Micro e Pequena Empresa, é grande a chance de as negociações entre Aécio e Kassab avançarem.
A segunda frente é que o PSDB ganha tempo de televisão, o que em campanha disputada é fator fundamental. Dilma, por enquanto, tem 14 minutos de televisão, tempo suficiente para um candidato competente fazer um considerável estrago. Contudo, competência não é o forte da petista. A terceira frente que se abre no caminho do PSDB é a possibilidade de captar recursos para a campanha. Henrique Meirelles foi presidente mundial do BankBoston, presidiu o Banco Central do Brasil, como mencionado acima, e transita com tranquilidade de sobra nos meios financeiro e empresarial.
Deixando de lado os quesitos que uma dobradinha com o PSD proporcionaria aos tucanos, o melhor candidato a vice na chapa de Aécio Neves, em termos políticos, continua sendo o senador Alvaro Dias, do PSDB, como já noticiou o ucho.info em matéria anterior. A decisão sobre quem fará dupla com Aécio será tomada somente nos 44 minutos do segundo tempo. Até lá, o staff da campanha tucana analisará os movimentos dos adversários. Coisa que a mineirice explica.