Fio trocado – Em ano eleitoral a ordem é faturar politicamente a todo instante, não importando se a oportunidade fere de morte a coerência. Nesta quarta-feira (21), a presidente Dilma Vana Rousseff sancionou a lei que classifica como crime hediondo a exploração sexual de crianças e adolescentes. A cerimônia reservada, que aconteceu no Palácio do Planalto, contou com a presença da apresentadora Xuxa Meneghel, do cantor Sérgio Reis e da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, a petista Ideli Salvatti.
Em queda nas pesquisas de intenção de voto e vivendo um quase infindável inferno astral político, Dilma já começa a apelar a tudo que lhe surge pela frente. Depois de ter abrigado na Casa Civil, durante meses, o pedófilo Eduardo Gaievski, guindado ao cargo por obra da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a presidente parecia não se lembrar do escândalo que terminou com a prisão do delinquente sexual.
Quando foi levado ao Palácio do Planalto por Gleisi, Gaievski já era investigado pelo Ministério Público do Paraná por 28 estupros contra menores, sendo 14 deles contra vulneráveis (menores de quatorze anos), mas mesmo assim sua contratação foi referendada, a despeito das recomendações do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Gleisi Hoffmann deixou o comando da Casa Civil para disputar o governo do Paraná, empreitada que está cada vez mais difícil, mas até agora não deu uma explicação sequer sobre o caso do pedófilo Gaievski, que até ser preso era cotado para ser um dos coordenadores da campanha da petista.
De igual modo, a presidente Dilma Rousseff não disse uma só palavra sobre o imbróglio envolvendo o monstro da Casa Civil. Não se trata de um criminoso qualquer, mas de um pedófilo incorrigível que durante muito tempo trabalhou a poucos metros do gabinete presidencial, como se sua periculosidade nada representasse.
É fato que Dilma precisa aproveitar os eventos oficiais para dar novo impulso ao seu projeto de reeleição, mas diante do seu obsequioso silêncio no escândalo de Eduardo Gaievski o melhor seria sancionar a tal lei sem alarde. Ademais, a apresentadora Xuxa não é a pessoa mais indicada para participar de um evento como o que ocorreu nas dependências palacianas na manhã desta quarta-feira.
Em 1982, Xuxa ganhou as telas do cinema na esteira do filme “Amor Estranho Amor”, do cineasta Walter Hugo Khouri, rodado em 1979. Em algumas passagens do filme, a Rainha dos Baixinhos contracena com Marcelo Ribeiro, à época com 12 anos. Em uma das cenas, Xuxa deita-se nua sobre Ribeiro e diz frases como “logo você vai virar um gurizão, mas desde já você já é um sabonetinho” e “eu sou uma ursinha macia, olha como eu sou macia”. Em suma, para completar o escárnio Dilma deveria ter convidado Gleisi Hoffmann e seu pedófilo para acompanhar a sanção da tal lei.